O por do sol em meados do verão, e seus horários loucos, me propôs naquele tempo vago um prazer enorme. Seguido de todo o relaxamento, misturado com a dor de quem fez muito durante o dia, eu só conseguia admirar aquele céu pavorosamente belo.
As texturas douradas refletidas no mormaço da tarde faziam da estiagem uma obra divina. Toda luz que daquele único Sol saia, e que vidrava insistentemente nas costas das quaresmeiras. Árvores das quais são as únicas que conheci, e que sei o nome. Podadas de forma violenta em sua parte inferior da copa, pareciam esticar-se para me proteger daquela latente energia celeste. Nós, humanos, contávamos cinco e meia da tarde. Ele por sua vez contava ainda os milhões de anos que carregava em sua história.
No contexto da minha mente, eu nunca soube o que, no reflexo dos meus olhos fazia todos os meus antigos amantes se apaixonarem por mim. Mas o que eu sabia, era que eu quase podia projetar alguns raios infravermelhos naquela direção. E me conectar com meu único e verdadeiro amor, o Sol.