terça-feira, 30 de novembro de 2010

Tardios


   O por do sol em meados do verão, e seus horários loucos, me propôs naquele tempo vago um prazer enorme. Seguido de todo o relaxamento, misturado com a dor de quem fez muito durante o dia, eu só conseguia admirar aquele céu pavorosamente belo.
   As texturas douradas refletidas no mormaço da tarde faziam da estiagem uma obra divina. Toda luz que daquele único Sol saia, e que vidrava insistentemente nas costas das quaresmeiras. Árvores das quais são as únicas que conheci, e que sei o nome. Podadas de forma violenta em sua parte inferior da copa, pareciam esticar-se para me proteger daquela latente energia celeste. Nós, humanos, contávamos cinco e meia da tarde. Ele por sua vez contava ainda os milhões de anos que carregava em sua história.
   No contexto da minha mente, eu nunca soube o que, no reflexo dos meus olhos fazia todos os meus antigos amantes se apaixonarem por mim. Mas o que eu sabia, era que eu quase podia projetar alguns raios infravermelhos naquela direção. E me conectar com meu único e verdadeiro amor, o Sol. 

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Atômico


Eu quero que você seja rápido e destrutivo
Quero ver o seu núcleo me irradiar
Perder partes, e alterar o meu espaço

Não quero que quebre o espelho
Não quero ver o reflexo dele
Quero que desintegre a imagem

E que exploda dentro e fora de mim
Quero ver até quando vai seu efeito
E visualizar até onde consegue atingir
Ver o estrago feito, as conseqüências

E o quanto vai melhorar
Vou ver você ficar mais forte
Assim como a ciência fica
Diante da religião e da crença

Só não quero vê-lo com os outros
E nem ver o que vai fazer com os posteriores
Só quero você dentro da minha história
No passado, no presente, e no futuro

Sem nenhuma glória ou vergonha
Tudo dentro de um só tempo
Tudo em uma só voz
De nada ao tudo, e depois nada

Nada.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Vaga


     Eu tive um sonho, e um sono que me levou a tarde inteira. Foi derradeiro, pois dentre tanto tédio da realidade, algo me salva em um cochilo extenso. E neste sonho, você me aparece, com o olha triste feito o que tenho agora. Em um relance de rua, vem me cumprimentar com pesares de um relacionamento passado. Isso me deixava triste, por sentir tal tristeza em você, mas me deixava feliz. Eu nunca soube de vera o que lhe fez me abandonar. Isso sempre corroeu e ainda corta minha consciência. Eu nunca mais vou poder descobrir nada de novo teu. Eu joguei involuntariamente todo o tempo em que pudéssemos passar juntos. E tudo isso sem saber o porquê, sem saber o que fiz de errado. Melhor ter brigado por algo comum, perdido partes do que ter saído intacto. Melhor sofrer por algo que deixei com você, do que ter comigo todo o meu orgulho em que já conheço. Não me interessa ser aquilo que eu já sei que posso ser eu queria ser mais, conhecer regiões de mim mesmo no qual nunca conheci. Mas querer ainda no mundo de hoje não é poder. E permaneço com o sentimento de quem acordou, e não soube explicar tal sentimento de acordar. Esquecendo da hora que dormiu, até a hora em que acabou de acordar. Perdido no mundo.