Quando juntaram o final, e colocaram o resto de tudo antes
dele, esqueceram de terminar o que vinha depois. Daí você já viu né? Não?! Mas
me pediram pra lhe dizer... eu juro que me pediram. Eh... Eu sei que não dá pra
entender. Mas compreenda. Faça assim, vai ser melhor. Por isso inventaram esse
verbo: compreender. Para que não se pense naquilo que não terminaram. A gente
nunca sabe onde está o ponto final. Mas existe você, eu existo, e existe aquele
ponto, que chamaram de final. Daí você já viu né? Não!!? Outra vez não?! Mas
não precisa entender. Só compreenda.
Entender e
compreender. Sim estas duas coisas estão distintas. Assim como esse diálogo e o
fato de não ser diálogo. Apesar de não ser tão discrepante a diferença, o
entender e o compreender se juntam do lado mais distante. Assim como o diálogo
e esse texto. Eu estou conversando com você, porem você não pode me ouvir. Eu
não posso ouvir você. Nem que faça outro texto, pois assim será outro diálogo
que não é diálogo. Entendeu? Não?! – Pois é não dá para eu saber. Então só
continue lendo.
Uma carta
não é um dialogo, mesmo que haja outra de resposta. Posso lhe contar as
novidades daqui, e você daí. Mas eu nunca vou saber como realmente estão as
coisas aí, e você nunca saberá como realmente estão as coisas aqui. O dialogo
em si não existe. Mas isso é mais complicado e eu vou deixar para um próximo
“capitulo”.
Próximo
capitulo?! Volta lá! Já consegue ver o “não fim”? – Pois é, é assim. E é ai que
está o compreender. – Você vai pensar que nada disso aqui tem sentido, mas tem
sim. Eu garanto. A vida é cheia disso. Coisas que não fazem sentido, mas no
todo o sentido sempre existe. É porque nós ficamos presos à lógica e a
linearidade das coisas. E esquece como elas em si se comportam.
Como no
entender, em que o que realmente importa é o fim das coisas. No bolo de tudo
aquilo que um dia foi, e na certeza de que não vai continuar. Ai sim vem o
ponto final. Ponto final que nunca poderia ser usado no fim da carta. Por isso
que quando escrevemos para os outros colocamos “Um grande abraço do seu amigo
(espaço) (seu nome)”. É porque não existe esse final. E não há de existir papel
para se colocar um final a uma carta. E não há carta suficiente para se
comportar um diálogo. E não há dialogo neste mundo que tenha um fim.
Eu não
acredito no fim. Ele não existe. E quando falo isso penso logo no
“compreender”. Ele sim é completo. Pois não termina. Se você não me entende, e
nem me compreende, ai a coisa fica séria. É porque não estamos no mesmo mundo
mesmo! Porem a viajem que nós podemos planejar pode nos aproximar. E tenho
certeza que nós vamos planejar até morrer. Então é melhor você me compreender,
e ai agente economiza tempo.
Porque nós
mortais somos assim. Nós não temos tempo para terminar as coisas e aí colocamos
um fim. Só que nos esquecemos de entender. Daí vira compreensão. E tudo
continua. Você pode se esquecer, eu posso morrer, mas não adianta. Ainda não
acabou. E outra coisa. Não teve início. Não, não! Nem vem me dizer que teve,
pois não teve. Tudo o que nós humanos somos é uma continuidade daquilo que não
teve início para um lugar onde que não se tem o fim. Aí pegamos toda a nossa
pressa, juntamos rapidamente, e colocamos um ponto final.
Pois o
ponto final é a marca de que antes dele teve um início. Só que antes do início
começar, lá estava outro ponto final. E no diálogo falado tem ponto final?
Pense bem... Eu acho que não hein?! Pois é, a gente não consegue admitir. Mas o
inicio e o fim nunca existiu.
Nunca
existiu a chegada, nem a partida. Nunca existiu o cumprimento e a despedida.
Nunca existiu a letra maiúscula, nem o ponto final. A gente que inventou isso.
Porque nós tivemos pressa em ser aquilo em que nós não conseguimos ainda medir
do que somos.
Por isso entendemos, para
terminar (o que não teve início). Por isso compreendemos, para continuar (o que
não teve fim).
E se você não concorda comigo,
você pode fazer duas coisas: Entender – e abarcar tudo isso como verdade – ou
compreender – e ter em mente de que ainda vai ter que aprender (na vida, quem
sabe) – e enfim, entender.