quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Cristal Solar

     Ela era tudo o que me fazia ser, e sou. Agora é o que eu posso escrevê-la. Ela esta no meu sol, esta no meu ar que levemente fica quando eu a respiro, ela esta no meu pensamento! Amor era luxo perto de tal coisa como ela. Eu poderia voar quando eu a mantinha próxima por mais de alguns minutos. E isso me tornava o que os outros tiravam de mim, isso me tornava eu, como eu mesmo.
     Poderia ser qualquer tipo de atrofia, hoje já não a vejo todos os dias. Mas estou sempre que quando posso perto dela, mais do que talismã. Ela tinha o poder de um dos maiores cristais já vistos. Ela era meu cristal solar! Passava-me tal energia que teus cabelos mal agüentariam se não fossem daquela cor. Ela radiava todo o ser dela mesma, tocando todas as superfícies, penetrando-as como um feixe de raios das quais a freqüência, nenhum dos físicos poderiam medi-la.
     Ela não tocava a terra. Mar não tinha nexo à praia quando ela era citada. Tudo perdia o sentido para o seu próprio sentido, que tem mais sentido do que meus sentimentos. Ela é o inflar dos meus sentimentos, como todos os gases que poderiam enchê-los. Assim tipo dos balões em festivais que não seriam suficientes para encher meu coração como ela mesma enche. E isso não está no seu sopro, isso não está na sua respiração. Isso esta alem de qualquer órgão vital no qual poderia estar, alem do próprio coração. Eu não saberia explicar o que ela tinha, e o que me fazia imensamente feliz. Só poderia dizer que o que esta no seu peito, não era um coração, era muito mais fervoroso. Era muito mais radiante, ela tinha entre os seios o Sol que me levantava todo dia, e me fazia a ver novamente!

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Frenesia


     É incrível! Só quando estou sem sua presença eu sinto o torpor me consumir. O dia fica nublado sem se atrever a chover, as nuvens pairam assim como o vento, que deixa o ar abafado. Mais uma vez eu não consigo respirar. Eu estou me transformando, e é dolorido mudar. Mas eu não quero parar, eu não quero! Posso sentir pulsar o meu poder, consigo captar as coisas com muito mais vigor! Sinto o cheiro com o sentimento de uma distância muito maior, eu consigo gravar o de cada um. Vejo o rostos e suas características com muito mais texturas.
     Eu me sinto mais quieto, o calor está me queimando, parece ma transição. A cada abrir dessa porta, cada girar de maçaneta. Hoje é só terça-feira, e tenho medo da semana terminar. Seria mais um final de semana, mais um teste do emocional, dos meus sentimentos e dos meus limites. Você está me testando, sabe das minha vontades e as limita estrategicamente. Minha inspiração já é a saudade da tua presença. Só consigo compor quando não posso te ter.
     E eu quero isso para mim. Vou vencer todos esses testes, trespassar todos esses obstáculos, eu quero provar para você de toda a minha devoção. Pois eu sei que seu consciente não é provável. Mas eu estou entrando pelo seu subconsciente, uma porta da onde ninguém entrou, eu sei que não estou errando. Posso sentir as chances, posso sentir tudo!
     Sinto-me mais forte a cada prova, me sinto cada vez com menos fome. Eu consigo sentir o mundo externo cada vez mais, e sinto o mundo interno flutuar sobre ele. Como uma nova doutrina, uma nova visão, sinto meus olhos cada vez mais limpos. Não de pureza, nem de adrenalina. Mas de uma sensação nova, uma espécie de substância. Só que mais viscosa, mais densa, mais nutritiva. Sinto cada dia mais o poder de uma frenesia.

domingo, 25 de outubro de 2009

Eu, Dora e Dimas


     Me desculpem, perfeccionismo não é minha matéria mais forte. Porem vejo com mais clareza a nitidez. Essa nitidez que ao máximo hoje quero passar em forma de algo que estranhamente acontece. Sempre em temperaturas altas, parece precipitar. Eu não consigo respirar. Sério, leve isso a sério. Não consigo respirar, e as lembranças nos detalhes nas músicas impertinentes que ouço a soar, me fazem queimar o estomago, e os dois rins.
     Era uma tara na minha vida, e quero que sem especificá-la, leve-a a sério! Estava em corpo de Dora, era ela alternativa e mais próxima do gosto de Dimas, o garoto que ela sempre copiava para tentar aproximar de seus assuntos e conversas. Eu não sei explicar mas eu estava no corpo dela, e podia sentir coisas que normalmente eu não poderia sentir. Não que fosse um desejo mas era uma experiência, e isso me assustava.
     Me encontrar com seios, quadril como uma sacola de varejão e ainda disponibilizar de cabelos fartos e lisos era realmente estranho. Ainda mais lisos! Porem os cenários eram peculiares, seus cheiros suas cores e brilhos, reflexos. Faziam meu enjôo de estar em outra historia mais intrigante ainda. Havia a amiga de Dora, que eu ate agora não consigo explicar de onde surgira. Ela era da mesma idade, o que me assustava mais ainda, e se apresentava pelo nome de Jade.
     Jade era excepcionalmente bonita, tinha corpo dourado branco de sua pedra como nome. Ela possuía os olhos verdes pequenos, com o corpo dobrado pela beleza em curvas, chamava a atenção de massas de homens que podiam a idolatrar séculos como diva de alguma coisa popularmente conhecida, algo como artistas, músicas; gosto da nova geração... Estirpes.
     Porem eu, quer dizer, Dora; era mais singela. Delicada e jeitosa, sem desastres como eu em minha vida costumo ser. Dora se olhava no espelho sem ter inveja de si, e de Jade. Dora sabia que sua beleza era avulsa do gosto da mídia, que abraçava Jade em vez dela. E ela gostava disso, se sentia mais conectada ao mundo, ao natural.
     Eu só tive tempo de ver 5 coisas: Eu, meus seios, Jade, Dimas e um beijo. Tudo isso enfurnado nos cenários de minha vida real. Jade me adorava, éramos grandes amigas, e eu podia confiar plenamente nela, apesar de suas indiretas me flertarem um pouco, alias, flertarem Dora. E Dora se sentia muito estranha com essa posição de sua amiga. Jade sabia que Dora era devota do amor não correspondido de Dimas.
     Era realmente uma devoção, mas que passou por mais uma prova de fogo, que a vez no final gostar ainda mais de Dimas. No primeiro ato, era uma sala de manipulação de alimentos. Um lugar onde eu trabalho, nada romântico. Porem o cheiro era ruim, de coraçãozinho e asinha de frango temperado no ar, com varias pitadas e nuvens de água sanitária.
     Dimas não sei porque estava lá dentro, só de pensar em seus olhos envidraçados de sua cor padrão de castanho escuro já deixava-me louco, ou seria Dora? Só sei que sempre gostei do padrão de castanho escuro refletido nos olhos das minhas personagens. Isso tornava mais cativante, mais apaixonante! Dimas estava para me olhar, só de pensar nisso Dora simplesmente esquecia que lá era um lugar para apenas funcionários da empresa podiam entrar.
     La havia uma pia de aço inox, uma espécie de ímã que mantinham as facas e a chaira de açougueiro que deixa o clima frio e bem característico de comércio. Fora da sala, para frente dela, havia um balcão também de inox onde eram expostos as carnes e frios para serem vendidos. E após o balcão havia o resto tudo de bebida em fardos e churrasqueiras, temperos, acessórios. Tudo o que um comércio especializado podia ter, alias é aonde eu trabalho, saberia desenhar o cenário perfeitamente.
     Mas mesmo assim não era nada romântico, era uma lembrança minha. E isso tornava as coisas mais simbólicas do que nunca! Dimas depois de encará-la avançou em dois passos e meio, era o que a distancia da parede da esquerda ate a porta onde Dora se encontrava. Dimas a cumprimentou em silêncio misteriosamente, e veio segurando sua cintura fina, dá-lhe um beijo no rosto.
     Daí o mistério! Dora se guinava desacostumada com o afeto de Dimas, depois de uma luta de desvio de avanços de pescoço e boca, como duas Emas. Dimas sem querer, ou querendo, deu-lhe um beijo no canto esquerdo da boca de Dora. Meu Deus! Eu sabia perfeitamente onde o beijo instalou-se. Eu estava lá! E isso deixou Dora tão tonta que ela quase desconectou-se de mim naquele momento.
     Dora se desnorteou. Me deixou tão aflito que em nosso desmaio mudamos repentinamente de cenário. Todo o lugar recebeu uma chuva de cadeiras de plástico enfileiradas, como se fosse uma platéia, uma palestra estava para começar. Dimas me puxou para a uma das cadeira, e fomos nos sentar nos fundos. Onde era o mesmo lugar, porem recheado de cadeiras.
     Na quebra de cenas Dora agora estava na rua, onde eu moro, perto de um supermercado que se eu fosse descrever, todos os meus amigos já saberiam onde eu estava. Dora estava encostada no portão de uma casa ao fundo desse supermercado. Do lado esquerdo, o portão era verde musgo. E na noite dessa cena, tudo estava mais frio. E ali parecia que um plano iria se cumprir.
     Ela estava um pouco de ressaca, e Jade estava lá logo antes de Dimas aparecer. Aquilo me pareceu um encontro, pós uma conversa particular entre Dimas e Jade. Ali um ritual estava para acontecer, onde Dora era a única vitima, eu estava com receio disso. Jade se aproximou e disse: “Está na hora, essa é a sua chance!” Com aqueles olhos furtivos esverdeados dela, como se não fosse esse o meu combinado, eu a fitei com um certo louvor de agradecê-la, eu esperava Dimas.
     Dimas aparece, nas nuvens e nos lodos carbonizados da rua. Ele me fita com os mesmos olhos terroristas de Jade, eles se entreolham e ela recua os mesmo dois passos e meio, malditos. Dimas se aproxima, sussurra palavras quaisquer, e me fita com o final de receio. Eu fecho os olhos na confiança de um outro cumprimento daqueles, mas logo sem esperar sinto o beijo.
     Era perfeito, eu comecei com a língua resguardada em minha boca, como sempre faço na verdade. Daí o espírito de Dora entrou dentro de mim, ou eu dentro dela? Ela soltava a boca aos poucos, do rígido ao mole. Descontraindo, pude sentir a língua avulsa como carne nas paredes da minha boca. Alinhamos no ritmo perfeito: Eu, Dimas e Dora. Era um beijo triplo, e ninguém poderia fazer tal como qual. Eram dois corpos no mesmo espaço beijando o terceiro como escravo. Desafiamos as leis da Física!
     Quando abri Dora abriu os olhos, tudo veio a desfalecer. Era Jade em que eu beijara, ela agora estava me olhando tonta, e com um prazer vilã nos olhos. Eu mal pude acreditar, estava beijando minha melhor amiga, alias, a melhor amiga de Dora! Eu como eu mesmo deveria estar feliz, ela era uma modelo e tanta! Mas eu só pude ter nojo. Nojo por Jade, pela Dora, fúria por Dimas!
     Vaguei em apogeu a rua escura, o procurando e afastando Jade dos meus braços, eu agora queria matar duas pessoas. Duas personalidades levam um corpo a duas sentenças! Eu o encontrei já dobrando a esquina, corri atrás dele fugindo dos gritos lésbicos de Jade. Ela que se dane! Dimas com sorte pegou um ônibus na travessia, atravessei a faixa, e adentrei com pisar forte nas escadas de alumínio do ônibus publico.
     E ignorando o trocador e o motorista, junto a poucos passageiros eu e Dora gritávamos: “Dimas! Como pode?” Vi o sangue subir no meu rosto, eu estava frenético, e queria agora era mesmo limpar minha boca na dele. Ele me olhou com olhos de brincadeira, como eu gostava daqueles olhos, mas ele não se importava. Ele achou muito natural aquilo, ter me trocado. Eu me senti golpeado, Dora estava em cacos.
     Após Dora ter percebido tal devaneia ela tornou a virar, meia volta, pós de ali fora do veiculo deixando todos em duvida e Dimas em cautela. Eu tinha certeza que ele não iria mais a procurar, vadio! Agora a cada balançar de meus passos juntos no de Dora pela rua escura, deslocava um centímetro de raio, do meu corpo com o de Dora. Estávamos chocados! Porem eu estava mais conformado, queria ajudar Dora na transferência de sentimentos. Mas Dora não estava muito assim.
     Eu podia ouvir seus pensamentos, ela estava muito depressiva, e queria praticar um suicídio. Ela já não queria mais voltar para casa, nem para vida, nem para nada. Eu tentava falar com ela, mas tudo aquilo parecia um filme. Eu não podia dar minha opinião, só podia sentir as sensações. Lembrei-me, em quanto Dora enlouquecia, do beijo de Dimas até eu que não aprovei muito me senti curtido, foi bom e quase me fez apaixonar pelo personagem. Eu já estava criticando a historia, odiando Jade, querendo humilhá-la no próximo dia.
     Mas eu não sabia se teria próximos dias, Dora estava nos passos me deixando sair do corpo dela. Eu sentia os centímetros de atraso meu e dela aumentarem. Eu no de lei passei com Dora, cruzando a rua onde Jade ainda estava encostada no portão. Ela estava sorrindo em êxito ao estrago que fizera. Mas pude ver Dora em seu corpo a frente não a notar a felicidade de Jade. Dora estava em ritmo, e não poderia eu freia-la.
     Todos os cenários agora escureciam, eu estava voltando ao que digo ser realidade, eu estava me despedindo de Dora. E ela não me dava atenção, Dora iria finalizar sua peça naquele ato. Ao abrir os olhos e ganhando consciência, só pude ouvir seus passos, ainda em ritmos. Ela pusera todo o sentimento naquela noite, e agora estava retribuindo com a sua vida. Quando me levantei, pude ouvir estalos de suicídio físico. Eu estava vivendo, e Dora, já estava morta.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Teste Drive



     Estava eu em minha cozinha, como sempre, numa tarde vazia e quente tomando café. Quando me veio as seguintes duvidas de existência:
     "Quem nunca se imaginou em outra situação? Em outra vida? Em outro lugar!?"
     Então eu travo. Deixo minha xícara na mesa com o café bem quente, pelo imenso tempo desses seguintes minutos, no qual começo a refletir.
     Esse poder de escolha, que poderia acontecer hoje, agora em minha consciência, no mundo “globalizado” e “dinâmico”, seria uma das maiores obsessões do homem. O poder de ser ou estar em outro lugar. A troca de corpos. Quem nunca pensou em ser o outro? Em estar em outro lugar, outro pais, com outra cultura? Falando outra língua, comendo outras comidas, conhecendo outras pessoas? Até oscilando entre a sua vida e a de outras!? só para testar qual é a melhor!
     Quem dera se pudéssemos fazer isso, testar a vida antes de vivê-la! Seria uma sensação incrível, mas deveríamos lembrar desse teste depois que escolhermos a tal vida, em tal situação. Saber aonde estamos, por que estamos, com quem queremos estar. Seria realmente uma dádiva! Um luxo, de poder simplesmente apontar para o país que quisesse e escolher em qual morada viver.
     Se bem, que poderia acontecer certos “desequilíbrios”, certas nações (que não quero citar) estariam despovoadas. Outras superlotadas, lugares não seriam mais turísticos. Lugares não seriam mais explorados, culturas iriam se misturar. Talvez até um certo “caos” aconteceriam. Mas lógico que só se esse sistema fosse aplicado agora, nesse exato momento.
    Mas pense. Aonde você queria estar? Por quê? E talvez, com quem? A vida teria mesmo grassa?
    Só de pensar, me sinto feliz e triste. De um dia imaginar coisas tão divinamente próxima e distante. Um antagonismo só, ficar querendo ter desejos, realizar modos, e abandonar destinos. O que é o destino? Quando ele mesmo mantém pessoas enfurnadas a décadas em uma cidade, até mesmo na mesma casa. E ao mesmo tempo muda personagens de lugares, tornando seu ator um nômade, quase um espião onde ele tem que se mover entre os lugares com determinadas roupas, estilos, e cabelos.
    Pensar em poder estar, em qual barriga, em qual família. Às vezes quero estar na minha, às vezes nas de meus colegas. Mas o que mais me deixa deslumbrado, é como seria se hoje eu pudesse voltar lá pra sacola da cegonha, e pedir para ela me levar para aonde eu quisesse e com quem eu quisesse. Seria perfeito, mas me limito a pensar que se escolhêssemos tal opção, não poderíamos ser criança, no inicio da vida.
    Teríamos que ter o cuidado de ter uma personalidade, teríamos que ter gostos, orientações e caráter. Teríamos que ser adultos, para podermos escolher com quem quiséssemos viver. Daí, já não seria mais nós mesmos. Não seria você, nem eu. E ai teria outro sentido, seria outro mundo. Seria uma fábula, na qual não permito e não gosto de me entregar.
    Somos ou fomos crianças um dia justamente para formar o que seremos ou somos hoje. Estamos sempre puros no inicio, mas nunca completos no final. E isso que me limita a ser o que sou, a agüentar quem eu tenho que agüentar. A viver a nação que eu tenho que viver. Não precisando amar nada do que sou nem do que tento, mas apenas aceitando de onde eu vim. E seu eu quisesse mudar, mudaria em processos. Sairia daqui, para ser feliz em outro lugar. E transformaria a minha vida em outra, sem cortes de etapas, sem negligências.
    Volto à minha pupila escura e seca pelo longo tempo que a deixei aberta nos pensamento que executei, vejo o quanto o sol já desceu. Percebo o meu transe, discordo com tudo o que eu estive imaginado. Como não seria vantajoso, como seria tudo mais frio, o mundo, o humano. Noto que abandonei meu café, o agarro com as duas mãos carinhosamente, dou um longo e desfavorecido gole. Faço uma careta e percebo o estado da sua temperatura atual com o gosto deixado, e digo: “Como tudo realmente seria mais frio...”

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

O Aflar de Mel

     Tudo sempre parecia descer e subir para ela. Como se fosse uma enxaqueca fixa a cada vez que ela tentava entrar nas comportas do seu ser, Mel era assim, não entendia os fatos. E isso a tornava cada vez mais distante, como se ela não pudesse prever o que estaria para acontecer em qualquer situação, não era inconseqüência, era desleixo. Seu sensor vital estava quebrado. Mel tentava aflar as expressões para fora, como quem nunca tivesse apreendido a ser gesticulada. Ela parecia um animal, que se expressava pelos gruídos ao contrario de simplesmente mover os músculos, as sobrancelhas.
      Seus olhos refletiam o medo das pessoas, eles eram poderosos, e imóveis em relação ao que sentira, Mel tinha apenas o domínio da intensidade. E isso deixava seus interlocutores loucos. Ela não sabia, apesar de seus dotes, o que as pessoas pensavam dela. Ela sempre via os olhos em pares como se fossem estátuas, mal sabia o que eles tinham em objetivo com ela. Assim ela ia abandonando os pretendentes, os amigos, os convites, os empregos. Mel podia mudar de personalidade como o gelo podia transformar em água, e isso a deixava a par do que acontecia com ela.
      Ela sabia que isso a machucava, ter que fingir o que não é para varias pessoas. Mel estava mudando, e não eram só os hormônios, havia um coração a palpitar. Um coração que mudava de acordo com os olhos, de acordo com o clima. Haviam energias vindas vibradas do céu, e às vezes haviam projéteis disparados do mesmo céu contra seu rosto. Ela não podia evitar, ela era assim, um espelho de seda contra uma muralha de espinhos que era a realidade.
      Pois assim, não vou poder terminar essa historia. Não por falta de inspiração, ou até mesmo por preguiça ou querer dar impacto ao texto. Mas a historia não sei ao certo. Mel estava parada diante da janela, e eu posso sentir que ela está desistindo de entender as pessoas. Sinto que ela está debruçada sobre os sonhos, e que tudo a confunde, quando ela mesma deveria a ajudá-la. Mel não está ao certo morrendo, ela esta parecendo dormir. Sobre a brisa que curva a chuva para dentro do seu quarto, e a obriga a pensar: Será que ela nunca vai encontrar? Será que no seu casulo, apenas seu mel vai estar?
      Mel estava arrependida. Mel precisava arriscar... Amar.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Poder

    
      Quem nunca quis ter um dia, geralmente na infância, um poder qualquer. Para fazer o que quiser, que pode-se ter até certos limites. Mas ter o poder em si, para ser diferente, para ter vantagens, para poder ter um pouco de atenção sobre um certo tipo de tempo em que as pessoas que o te vissem ficassem surpresas para depois admirar o que você a demonstrou. Bom todos na verdade já passaram por isso, por mais que não pareça, só de ter contato com o cinema fictício, você já torna essa pessoa fictícia.
      Querer sair voando pela janela, de atravessar objetos e paredes, de quebrar e torcer facilmente objetos e paredes, de ser imortal! Quem nunca quis ser imortal!? Para simular um assalto, e poder tomar tiros pela menina para ela se apaixonar por você! Para que todos vejam e digam: “-Nossa ele é imortal” e outros complementem “-Nossa que gato!”. É sempre assim, temos crises, e normalmente e após ver um filme no cinema com os amigos. Sempre da essa vontade de sair pelas paredes correndo, imaginando inimigos que acabamos de cruzar os olhos e começamos a dilacerá-los!
      Porem, eu acredito, que toda essa vontade de fazer coisas imagináveis vem de um poder que já temos concebido: Os sentimentos. Sim alguém; e não se sabe se é o Dr. Deus ou Dr. Evolução, adicionou essa maldita dose de sentimento. Que não passa de um receptor e comunicador de freqüências que as programamos e gravamos seus nomes em diferentes pontos como: o ciúmes, a raiva, a alegria, a tristeza dentre outros. Todos eles são variações que nos fazem ter essa vontade de ser sempre mais, e ter sempre mais. E ai nós necessitamos de ser o que nenhum humano é, o que nenhum pode fazer. Ou o que todos fazem só que o seu com características diferentes.
      E assim são também os sentimentos, nós sentimos diferente, temos variações diferentes em cada “freqüência” sentimental nossa, e isso nos torna diferentes um dos outros. Alem das diferenças físicas, que cá entre nós, o ser humano já descartou a muito tempo como ponto diferencial e já o pôs no plano ou subjuntivo (para os que aderem a abstinência) e o sexual (para aqueles que praticam obviamente o sexo).
      Mesmo assim, sempre querendo mais, vamos descobrindo ao passar da adolescência e da fase adulta, que (alem de não poder ter poderes, lógico) existem coisas, que movem as pessoas de uma forma oculta e as torna poderosas e fracas. Que existe uma coisa que não revelamos por medo, ou por vergonha, e que não nem sempre precisa ser escondida. Uma coisa que nem sempre podemos controlá-la, o que a deixa mais poderosa ainda, e que torna nossos vilões nocivos a ela ou não. Temos o que nos faz entregar aos outros, temos aquilo que nos faz confiar nos outros, temos mais do que poderes, temos sentimentos. E isso nos torna, poderosos.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Doutrina de todo Humano


     Em habitat noturno, ela quase é invisível. Já de cara és a mais alta, na noite selvagem, nos olhos infravermelhos. Qual seria tal animal, qual seria tal pupila. Que enxergaria sem teu brilho.
     Ela nem fala, mais sua presença marca várias opiniões. Cada faze é uma delas, delas sempre chegam a um vão.
     Ela parece pura, talvez seja, nunca pesquisei sua trajetória. Em sua empresa ela é o máximo, quase ninguém pode ser do teu tamanho. Pelo menos no nosso caso, a vejo por esse estado.
     Ela possui varias dimensões, quase nunca de outra cor. Não possui cheiro, gosto, nem ruí sons. Mas meche com qualquer visão.
     Nossos olhos nela dilata, mas não dilata como os demais, e nem demais. Ela não queima nossos olhos, igual certos seres celestiais.
     Ela é um ser feminino, ela não é humana. Ela é a mais ousada, ela não precisa de cama, porem no ar é a mais profana.
     Sempre que brinca com uma bola de fogo, ela quer queimar em seu posto. Parece as vezes querer se bronzear, mais acaba a nos assustar.
     Ela tampa a nossa luz, por poucos segundos, e suficiente para deixarmos sem palavras.
     Quase posso tocá-la a noite, em certas vezes permite a aparição ao dia. Parece nunca querer se separar de nós. Parece não ter mais outra paixão na vida.
     Eu podia uma dia até visitá-la, mas a passagem do ônibus é muito cara. Quase um dia por ti morri, quando ao seu deparo me distrai.
     Todos nos a admiramos, quase sempre por ti erramos. Já alguns até matamos, por ti profetizamos.
     De ti já ouvi vários nomes, quase todos os mesmos que de ti chamo. Os mais sábios em latim te chamam de Luna. Eu, porem o mais tolo, te chamo de Lua.
    

sábado, 17 de outubro de 2009

Contemporaneidade


     -Venhamos e convenhamos, esse negócio de amor é muito esquisito não é? – ela introduziu o assunto durante aquela tarde tediosa.
     -Uai, por quê? – ele quis entender do que se tratava.
     -Não sei acho feio de mais, como as pessoas ficam ridículas ao amarem.
     -Você acha?
     -Acho! Alem do mais, me irrita! – ela firmava os braços e mostrava as presas - Elas ficam exibindo isso, como se fosse produto de um conhecimento, de uma intimidade entre os amantes durante muito tempo.
     -Mas as vezes vem de muito tempo...
     -Não creio... – ela pensou um pouco, colocando a mão apoiada ao queixo - É como se fosse algo publicável, como se as pessoas estivessem fazendo uma imagem forte daquele amor que talvez nem seja tão vivo, talvez nem seja amor.
     -É, isso pode acontecer, mais isso varia de pessoa pra pessoa. – ele tentou finalizar.

     Pouco tempo depois ela voltava ao assunto, como se estivesse querendo saber mais.
    -Isso que eu estava dizendo, acontece mais com pessoas da nossa idade.
     Ele então parou de ler o seu livro, e voltou a pensar sobre o caso.
    -Tipo com quem? Adolescentes?
    -É, tipo sei lá, temos tão pouco de experiência com o amor, e quando achamos um pensamos ser “O Amor”!
    Ele soltou uma gargalhada e quis intimidar.
    -Sério? Senhora Adulta!?
    Ela o encarou com desprezo superior.
   -Sério! Bebê... Você que não ama! Porque se estivesse amando, seria insuportável nossa discussão.
   -Certo, então pra mim já está impossível. – ele olhou para o livro, disfarçadamente.
   Ela mal ouvira direito o que ele disse, porem parou olhou para o ar. Voltou a pensar, abriu os olhos atentos, voltou a encará-lo com espanto e perguntou:
   -Você está amando?
   -...
   Ela mal pode acreditar.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

O Abismo que é: Pensar e Sentir


      Los Hermanos bem que tentou me avisar, o quanto isso seria difícil. As distrações, os olhares furtivos. Qualquer plano, e qualquer espaço era motivo para ações como essas. Ações que tornam meu cérebro e coração cada vez mais distantes, cada vez mais distintos, cada vez mais... específicos. O endurecer de cada pálpebra, parece sal a arder em quem não conhece ou não consegue distinguir. Para quem é inexperiente... Você sabe do que eu estou citando: Pensar e Sentir, o que são e qual a distancia de um para o outro. Em qual você pode entrar... aonde vai acabar saindo. Quando tomado um caminho, sabe-se lá se poderei voltar. Só me sinto bem, em quanto não tomou nenhuma decisão... Pensar e Sentir... O quanto poderíamos estar nessa ocasião. Quando encontramos alguém, um novo alguém, ao toque de um só olhar, e vem ligeira a duvida: Pensar ou Sentir?
      Sentir: O mais ágil, e o mais difícil. Quando se sente se põem em risco uma saúde inteira, ou nos exageros uma vida inteira! Quem se submete a sentir primeiro, e leva isso como um estilo de vida está sempre se machucando, está sempre querendo pular do pé de alface, está sempre disposto a causar terrorismo. Sentir é uma das ações mais complexas, varia gosto, varia criação, varia causa, varia lugar. É uma das coisas mais enigmáticas, quem sente se sente preso a se sentir em um precipício, e volta a sentir essa sensação outra vez, quando percebe que sente algo. Sentir é como uma tempestade: Toca, demonstra, destrói, rouba e constrói de novo.
      Pensar: O mais demorado, porem o mais confortável. Pensar exige primeiro a habilidade do ser de afastar o sentimento que possa estar vindo naquela freqüência. E ai só então ele começa a pensar, é bem mais demorado. Pensar exige detalhes, rigor, frieza e cálculos. Agir só por pensar e quase uma dádiva hoje. Porem e quase uma atrofia humana. O dispor de se parecer uma maquina, assusta a maioria dos telespectadores, dos interlocutores propriamente. Ao se deparar num ser excentricamente pensante não se acha em qualquer esquina, e nem em todo lugar agradável.
      A balança disso tudo esta no ciclo entre os dois: A maioria dos pensantes já sentiram, poderiam até ter sentido profundamente demais, se arrependeram e se envolvem em uma capa de intelectualidade assustadora. A maioria dos sentimentais já andaram pensando demais, selecionando de mais o que os tornou carentes a volta de uma loucura. Agora por onde começar nunca se pode pensar, pois se pensar assim, já vai estar pensando. Pode-se saber que você está no meio de um dos dois processos: pensando ou sentindo. Uma coisa eu tenho certeza, entre pensar e sentir existe sim um abismo, e uma viajem bem longa; Onde todos os humanos estão dispostos a seguir. Somos todos nômades, e estamos sempre de lá prá cá de cá prá lá, pensando e sentindo. Esperando sempre o amor e a dor nos levar. O amor por pensar, o amor por sentir.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Inspiração


      Ela adorava acordar com seu marido roncando, isso tornava ela tão bem... Tão viva! Ela quase podia dançar de manha, quando seu sonho desfalecido não passara de uma noite com um radio tocando uma orquestra sinfônica muito chiada do seu lado. Ela parecia tão feliz no trabalho: “Nossa! O que aconteceu com você Marisa!? Parece que caiu uma bigorna na sua cabeça e você ainda não se recuperou?!” E ela respondia naquele sorriso mais amarelo do que tampa de privada: “Eu estou ótima! É uma nova dieta que eu to fazendo... inclui esforços físicos, resistência, e muita paciência com pessoas intrometidas! Quase uma religião...”
      Marisa trabalhava na faculdade de música da sua cidade, uma das mais citadas do estado, ela era regente, professora e compositora. Estava preste a fechar um projeto que fora interrompido por estafa. Marisa nunca fora de ser muito controlada, não tomava remédio por se sentir jovem de mais para isso. Já pensou em dormir na sala, em isolar acusticamente o quarto, em morar no visinho que estava alugando o apartamento. Estava ficando fina e delicada a situação de Marisa e Pedro, seu jovem noivo – jovem pois haviam só 3 anos de casamento.
      Pedro era administrador e tinha alguns probleminhas no nariz que realmente não era do interesse de Marisa. Ela só queria dormir o sonho dos anjos, mas toda vez que pousava sua cabeça no travesseiro parecia uma construção a poucos centímetros dela, uma banda de musica africana, uma daquelas de só percussão. Marisa já havia comprado pelos programas da televisão, muitos artigos e quinquilharias para abafar os ruídos do amado ao lado, durante o período noturno. Marisa já havia desistido.
      Seu projeto de criação musical estava um fracasso, Marisa não tinha inspiração e sua cabeça latejava toda vez em que pensava em compor. Os graves do violoncelo pareciam cobras najas envenenadas mordendo seu pescoço, a envenenando a cada deslizar nas cordas. Marisa precisava de ajuda, e não sabia a quem aderir, quando o seu superior, amigo e conselheiro a alertou: “Marisa, precisamos terminar o projeto! O tempo de inscrição esta terminando e você não vai concluí-lo!” Mas Marisa estava um caco e só respondia: “Esta tudo sobre controle Eduardo, estou quase com todos os papeis e partituras prontas... Só que...” Então Marisa desabava todos os seus problemas para seu superior Eduardo.
      Até que Eduardo com dó e meio sem idéias a aconselhou a compor durante as noites em que seu marido roncava. Marisa estranhou a idéia e quis saber qual era o nexo disso. Eduardo então disse, para fazer tal composição em nivelamento de tom e ritmo semelhante as baforadas do marido. Talvez viesse alguma idéia, alguma obra ate bonita vinda de tal maneira natural das coisas... uma inspiração! Marisa na noite seguinte resolveu aderir.
      Ela começou a revirar partituras, marcar os ritmos e escrever os altos e baixos de cada solfejo de Pedro, como se fosse o apogeu de cada musica, cada respirar era como uma calmaria na musica de Marisa. Até que passar de uma semana de coleta de informações “roncais” ela entregou o trabalho para Eduardo. Que juntos começaram a adaptar a obra, e organizá-la para a apresentação.
      No dia do festival em que Marisa apresentaria seu projeto, ela estava como sempre atordoada e casada, porem havia na platéia o apoio do marido e no camarim de Eduardo sempre eufórico. Ela assim tocou na sua vez, fez jus o que tinha composto e depois da aplicação de toda a obra ela esperava agonizada pelo manifesto da platéia. Mal havia percebido tamanha emoção que havia arrancado da platéia, estavam todos pasmos com tanto talento, tanta astucia, tanto dispor sobre o violoncelo.
      Assim no final do festival, uma mulher que havia presenciado as músicas pela platéia foi falar com Marisa de tão eufórica e emocionada ela estivera aquela noite. Se aproximou de Marisa e disse: “Esplendido!!! Perfeito, tamanha destreza, leveza e fúria a sua música parecia! Marisa querida, de onde tirou tamanha inspiração para tocar algo tão fabuloso?” Ela ríspida e direta, morrendo de sono, e achando a situação engraçada respondeu: “Se você tivesse tamanha inspiração como tenho, aposto que nem dormiria direito!” Então afobada e feliz sua ouvinte a disse: “Nossa como eu queria ter um dom desse, você bem que podia me emprestá-lo?!” Marisa pegou um pedaço de papel e uma caneta e respondeu: “Claro! Vá para a Rua Hutinhopolis, numero 87 apartamento 201, que empresto sem tempo de devolução!” E Marisa saiu sem deixar sua ouvinte entender nada e foi tentar dormir mais uma noite.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Aliança de Pano


     “Quero acordar amanhã, para dormir o ontem”, seus pensamentos não fugiam disso. E disso, fugir era impertinência, e o sexo não prendia ele ao que realmente queria exprimir. João era assim, sempre um nome qualquer, mais de uma variação difusa que mantinha seus pensamentos ligados a 220 volts sempre que conversava com alguém. Era quase um criminoso, seus olhos vagos, densos, e quase sem cor; captava o que poderia ser apenas um cisco, um detalhe. E isso o tornava repreendido, porem quase o deixava louco.
      Sua perspicácia o tornava súbito de traços, ele precisava de riscar, marcar toda e qualquer superfície que fosse lisa; e de cor diferente ao teu traço. Ninguém nunca o entendeu, sua filosofia de arte, suas análises. Ele era quase uma estalactite, pronta no suor do seu pingo ser aquilo que deseja, ser mais, tornar sempre; e sem querer cair de ponta ao chão. Isso era o que eu podia ver dele, sempre querendo detalhes, querendo se encontrar.
      Lutava tanto para isso, que eu como todos os outros que o viam, tinham que massagear seus egos para agüentá-lo, ele sempre queria ver, estar, transformar tudo em reflexo dele mesmo, em seus próprios assuntos. Era insuportável, impertinente, mais era ele. E tínhamos que agüentar. Se eu soubesse de tudo disso, teria evitado, sei lá! Talvez colocado um apelido, alguma coisa que amortecesse.
      Um dia pude ver como era o desgosto, planejar planos, para ser implantáveis. Eu o via equipado de seus acessórios, e dentre eles um chamou minha atenção. Era diferente, de pano, e mexia com meus neurônios; como os raios que mexem bruscamente com as árvores. Perguntei para um amigo meu psicólogo o que poderia ser, o que poderia significar. Aquele desejo de imagem, de capturar, de congelar; que movia o desejo de João.
      Esse meu amigo me respondeu simples e tranquilamente como se fosse seu primeiro livro de estudo da faculdade. E sua caderneta durante aquela seção pudesse confirmar tudo aquilo que eu e João estávamos passando. O que estava em seu corpo, era um elo, uma aliança de pano que ligava ele a mais alguém, e isso trousse a minha fúria
     Como ele pode me trair? Como ele pode me ocultar? Era o meu papel, e estava explícito, não tinha o porque dele não ter se aberto comigo e ter me contado. Ele me frustrou e feriu meus sentimentos. João era oculto como uma sombra, minha lanterna sobre ele só me fez focar naquela imagem que eu mesmo criei. E eu o perdi; perdi tudo aquilo que pude construir com ele. Eu o amava! E planejei dês do início toda a nossa vida, que ele... Ele jogou no lixo! Eu o amava... Eu o... Amava. João... João era meu filho!

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Desistir


      Eu desisto. A perfeição se contempla em só duas palavras, o afogamento dessas palavras em todos os sentidos. E para mim está em um dos melhores sentidos, o sentido de desistir. O ato mais nobre, mais desvanecido, mais delicado. O ato de largar de algo, deixá-lo de fenestrar, bem devagar. Como uma taça de cristal, um toque de alma, um toque. O toque que não tivemos. O que tornou aquilo impossível, o toque que eu queria dar, e você nunca deixou.
      Melhor do que ouvir musica clássica, melhor do que se alisar nas cordas de qualquer instrumento, o ato de abrir a mão, sendo ela o ato perfeito em si própria de segurar. Segurar a tua mão pelo tempo que pude segurar, hoje você a soltou de mim. Isso troca o porque, pelo óbvio. As incógnitas que eu nunca quis por, hoje me forçam a perguntar. Por que? E quanto mais se perde, mais quero não querer saber. E isso que traz a minha glória, a glória de não querer saber da sua existência, e querer esquecer.
      Tudo a partir de agora não terá mais nexo. Nada terá mais ordem, eu não vou ter ordem. Nada mais vai fazer sentido, tudo será misto. Assim como a suas malicias e seu egocentrismo fez com o que eu me apoiava, meu apoio vai se apoiar na ponta de qualquer faca. De qualquer estirpe. Um lugar tão perigoso onde não possa ir, e isso vai ser bom. Vai ser bom pra você, muito bom. E melhor ainda para mim!
      Nunca fui assim e não apoio que sejas também, nunca tive medo, e você é o que mais tem. Isso não me deixou de pensar, mas pude evitar até agora, até esse atestado. Até eu escrever esse laudo, até eu escrever esse contrato, até eu assinalo. Fique com sua redenção e seu poder incrível de definir o futuro das pessoas, fique com esse seu prazer mórbido de ter criado tudo o que estou vivendo hoje. E agora mexe em tudo como se fossemos peças do seu jogo. Não é ódio meu, só que você é o mais esperto, você é o centro daquilo que é para você mesmo.
      E isso me torna profano, me torna sagaz. Isso traz o do meu olhar a arma mais perfeita para suas barreiras angelicais. Isso traz de mim um simples mortal para suas escolhas invencíveis. Oh! Ser mais invencível, tu és indestrutível. E isso traz o meu humor a tua pior dor. Você tão observador e pensativo, seleciona cada passo, e não sabe interpretar meu drama. Eu quero usar do meu teatro até a ultima cena só para te confundir, quero usar esse poder para te definhar. Eu quero usar a dádiva do caos do Demo para que seu amor eterno por si mesmo torne os seus atos em fúria! Quero ver do que é capaz. Quero ver até onde será frio, e se permanecera neste teu trono. Oh! Ser Indestrutível... Oh! Glorioso DEUS!!!

domingo, 11 de outubro de 2009

O despertar de Estele


        Estele era uma jovem determinada, apesar de não ter muitos objetivos, o que tornava sua vida simples e sem grandes saltos. O maior ponto fraco na vida de Estele era sua rotina, inquebrável! Ela não conseguia fazer nada diferente, tudo que colocava estava sempre no mesmo lugar, na mesma posição. Tinha vez que pensava estar tendo um déjà vu quando um dia pós a mesa do café perfeitamente igual ao dia anterior. E sempre pensava que tudo o que repetira tinha séculos de ter tido acontecido. E era na verdade sempre o ocorrido do dia anterior.
        Morava em um apartamento, o que deixava as coisas mais rotineiras. E ainda era super-apertado, tendo todos os poucos moveis muito juntos, o que tornava os movimentos mais rotineiros ainda. Sempre ela levantava, colocava o café para ferver, juntava o lixo, tinha coragem de colocá-lo lá fora com aquele seu embaraçado cabelo longo matinal, lavava o rosto, penteava os cabelos, passava o café, pegava o jornal, tomava o café, tomava banho, e ia direto pro trabalho.
        Até quando saia de casa, Estele estacionava na mesma vaga do seu condomínio. Os vizinhos já haviam acostumado com a cor do seu carro. Ela sempre entrava no carro pelo acompanhante, pois a porta do seu fusca bonina não abria do lado direito por estar bloqueada pela arvore que ficava ao lado de sua vaga. E ela ligava o carro, sempre dês-engrenado com o pé na embreagem. Reclamava da arvore com o porteiro, seguido de um bom dia, e seguia para o trabalho.
        Estele era jornalista, era investigadora criminal da redação, o que tornava a rotina e os cafés mais fortes ainda. Ela estava sempre muito ocupada, falava sempre as mesmas coisas com seus colegas, e seus colegas sempre comentavam nulamente com ela suas férias adiadas, e ela sempre respondia a mesma coisa: “Estou muito jovem para tirar férias”, e eles sempre retrucavam: “Não precisa ser velha para se tirar férias”. E como sua língua não agüentava ela finalizava: “Mas precisa ser velha para ter juntado todo o dinheiro, e tirar férias descentes no Egito.”, e todo mundo pensava sem responder: “Egito?!”
        Ela realmente não era muito bem dotada de criatividade e desejos comuns. Mas uma vez Estele recebeu um conselho do seu chefe na redação que fora praticamente uma ordem: “Estele se você não quer tirar férias, tudo bem. Mas eu exijo que faça algo diferente, algo como um hobby, para que você saia dessa rotina.”. E Estele perguntava: “Hobby está no meu contrato, Sr?”, e seu chefe vermelho retrucava: “A partir de hoje está!”.
        Assim Estele teve de ficar em casa até encontrar o maldito Hobby: “Meu Deus aonde deve estar esse Hobby maldito?”. Ela rondara o apartamento todo, o que não era muito difícil, revirava livros de estudos da faculdade, tomava mais café ainda, até um livro de receitas tentou arriscar, mais ainda não era um Hobby. Até que havia cansado, ela agora estava na sala, com sua única televisão, que não gostava de deixar no quarto para não interromper o sono das noites que durante sua rotina noturna eram sempre mal dormidas.
        Jogada no sofá, vestida com o pijama do Mickey Mouse, ela movia só os olhos em torno da sala para encontrar o maldito Hobby que agora era considerado o tédio para suas tardes. Até que com a cabeça virada a ponto de ter um torcicolo, e com os olhos quase cerrando com o sono que vinha, Estele cruzou os olhos sobre aquele móvel rústico, que havia herdado da mãe e que ela usava como criado mudo, onde sempre pusera as chaves, a câmera, o gravador e o celular.
        Era um piano de armário, lindo todo trabalhado e esculpido a mão, suas teclas estavam amareladas, e o tecido que forrava as teclas para proteger já estava branco de tanta poeira. Estele se lembrou do seu desejo de tocar as composições de Bach no piano, quando sua mãe apreendera com seu pai, quando Estele ainda era criança. Ela associou o piano com um amigo de trabalho, que tocava muito bem, e levava a musica como um Hobby. Estele havia encontrado o Hobby.
        No dia seguinte Estele correu para a redação logo de manha para encontrar esse seu colega, seu nome era Pablo e era muito bem conhecido pelos colegas no trabalho. Pablo era um dos amigos de Estele que a lembrava de suas férias empurrada, e que não entendia como alguém tão jovem podia ser tão “quadrado”. Logo que Estele o convidou para ajudá-la a criar um Hobby pelo piano, Pablo aceitou. Eles combinaram de estudar musica juntos a noite nas terças e quintas da semana, logo depois do expediente.
        Estele estava muito animada e arrastou Pablo ate a sala do chefe, que era o editor da redação. E interrompendo a reunião de publicação da tarde, Estele disse logo que entrou, após ter atropelado a secretaria do editor: “Achei um Hobby Sr. William!”.
       William, o pensador: carinhosamente chamado pelos jornalista subordinados a ele, pois ele sempre pensava demais antes de publicar as noticias, o que deixava seus colegas frustrados e nervosos; deu um pulo e um grito subitamente suspeito: “Estele! Nossa, que susto! O que seria seu Hobby?” ela respondera “Aulas de piano!”. William fitou Pablo de uma forma muito intima, e parabenizou Estele por ter conseguido um Hobby que a daria êxito, ela só não sabia o quê.
       Logo Estele começou, Pablo teve que afinar o piano, teve alguns problemas de manuseio más logo já estavam aprendendo as notas na escala do meio. Estele nunca tivera dificuldade para apreender, sempre muito aplicada e rotineira, pegava fácil com repetição as lições da apostila que Pablo preparara com carinho para sua companheira. Pablo com o tempo fora percebendo os vícios de Estele, e gostando disso nela, a convidava certos finais de semana para sair na tentativa de quebrar esse ciclo de Estele. Mas nem sempre dava certo.
       Até que os dois se aproximaram de uma maneira muito simétrica, já estavam trocando segredos, duvidas, estratos bancários, óculos de leitura e ate o controle remoto da televisão que um sempre carregava sem querer para a casa do outro. Tornaram-se uma coisa alem de qualquer definição, tudo era mais alegre e descontraído. Tudo era muito mais desapegado, até que sempre Pablo a fitava de um jeito só dele, um jeito jornalístico e psicólogo que a queimava por dentro, e ela não sabia o que era, só não se sentia mal por isso.
       Uma noite, no relaxamento dos dois, Estele estava sentada colada em Pablo, no mini-banco do piano de sua mãe. A janela estava aberta e era noite de quinta-feira, o vento frio batia dentro da sala onde das duas luzes amarelas uma havia queimado, o que deixava a partitura bem difícil de se ler, e o hálito dos dois sobre ela bem mais próximo. Estele estava palpitando de sono, e Pablo já vendo isso palpitava de uma mistura de dó e sentimento.
       Quando ela mal conseguia frisar os dedos nas teclas, e já suspirava de sono e frio, Pablo segurou sua mão sobre as teclas de um jeito delicado e a olhou nos olhos. Suas blusas de moletom já paralelas braço a braço, esquentaram esse olhar entre os dois que fora de duvida e decisão. Com a outra mão Pablo tirava seus óculos quando um vento suave e indecifrável bateu nos cabelos de Estele, que lavados no mesmo dia, fez-se de seu cheiro uma provocação para Pablo o tornando quase vulnerável a um desmaio, ele não sabia o que sentia.
       Esperavam um, dois minutos em olhos cruzados. Um desafio para os dois jovens que mal sabiam a sensação que estavam a ser submetidos. Eles estavam já com calor e com os estômagos contraídos, quando a pouca luz fez um aproximar do outro para realmente os olhos de ambos refletirem o que eles queriam saber. Estele sempre em sua rotina, adormecia seu corpo perto de Pablo, quando seu coração já estava dormindo desde muito tempo, por não encontrar ninguém. Pablo sempre tímido, estava sempre a um ponto de tudo para um ponto de nada, e nunca conseguia entender essas suas reações de quem ele confiava e tinha-o por perto.
       Dez horas da noite, Estele já estava desabando sobre o peito de Pablo como se estivesse recém dopada por algum calmante de seringa, quando Pablo ao ver o dispor de Estele, a segurou firmemente para que ela realmente não desabasse sobre o tapete. Quando ela já estava com o corpo firme mas com a cabeça quase batendo na partitura sobre o piano, Pablo tentou segura-la com o seu rosto mas o dela estava reto ao dele. Estele e Pablo inocentemente se beijaram.
       Estele sentiu aquele pedaço de pele labial sobre os seus lábios, como frutas recém colhidas nos jardins mais úmidos a Terra. Seu gosto não era de frutas, pois esses mesmos lábios haviam tomado o seu café, e isso a alertou rapidamente a comparação por saber tanto como era o gosto do seu café. Não eram largos mas tinham a simetria perfeita para asfixiá-la dentre três tentativas de respiração não concluídas, que a fez perceber que aquele incidente era intencional e ela não poderia mais nem mudar o curso da historia, nem tentar evitá-lo. Vendo que não poderia nem fugir, e nem queria despedir dessa oportunidade, Estele abriu os lábios convidando Pablo para uma pausa intensa deixando a passagem aberta de seus sentimentos. Estele então, havia despertado.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Carta de Existência


Cedro do Abaéte, Dia 21 de Novembro de 1990

        Querido Nelson,

como me pediu estou te enviando esta carta para dar noticias de como está minha mãe, ela esta bem e nosso plano de ir “desacostumando” ela da presença da filha está correndo bem. Ela parou com aquelas birras, e acho que o susto de eu ir morar em Belo Horizonte com você já está passando. Ela está triste, de fato. Mas mesmo assim vai se conformando com a idéia de eu seguir minha vida. Ela tem que perceber isso mais cedo ou mais tarde. Seu sogro já está a par da situação, e parece me apoiar. Apesar de eu sentir uma ponta de angustia nos olhos dele, bem no fundo. Mas mesmo assim tudo isso não me tira a idéia de viver uma nova vida. Uma vida feliz com você, meu amor! Com a nossa própria casinha, em qualquer canto dessa cidade, em que você diz ser tão grande! O Talles já esta super animado para conhecer essa cidade, sendo que sei que ele nem vai se lembrar dessa época, de tão novo. Tão branquinho e delicado. Sei que tudo vai dar perfeitamente bem, nem que para isso tenhamos que todos trabalhar juntos para nossa felicidade de nossos filhos... Há! Quis esconder essa noticia até eu te encontrar novamente mas não vai dar, esta me sufocando! Estou grávida! Isso mesmo! Grávida! Vamos ter um bebê! Como eu te disse quero que seja menino. Mas você insiste na idéia de ter uma menina... E ainda com o nome de Tássia?! Só para combinar com o nome do irmão... Ok! Faço uma promessa, se for menino como eu quero vou manter a idéia do nome, vai se chamar Tássio! Estou morrendo de saudades...

                                                    ...de sua eterna Maria Elena.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Detalhes

       Nos pigmentos, nas escadas, nas esquinas, nas dobraduras. Era possível? Como dormir após um dia comum, e acordar em outro renascido? O sol era assim, sempre que dormia cansado. E renascia como se fosse outro, mas apesar da cor, era o mesmo. Seu calor variava, e isso o dava a impressão de ser diferente. Mas não era, era o mesmo. A mesma estrela que contorna nosso planeta. Todos os dias, mesmo quando há nuvens. Bem quê sabia que ele está lá.
       Sua orbita é a segurança que faz acreditar que será visto no dia seguinte. E isso torna as noites agonizantes, e os dias esperançosos. Sua presença, vida. Uma nova cadeia de ações, de tarefas, de vontades. A vontade de amar, pelo puro e total forma do verbo. Sem mistérios, sem duvidas. Tosco ou singelo, árduo ou deslizante. Só de ter a presença de algo tão grande já faz tudo ser diferentemente o mesmo, porem nunca igual.
      Isso era fato, como poder afastar algo tão celestial. Como se isso fosse possível – sem ao menos interferisse em todos os demais planetas – como se fosse preciso. E era especular, falar mentira, que tamanha bola de fogo fosse apagar. Isso seria como o gelo dos pólos de minha casa derretesse até amanha, dizer que o amor poderia acabar, que a aurora boreal não fosse mais sentida.
      Tão absurdo que era como trocá-lo dizendo que não era certo, que não funcionaria. Dizer que não serve para centralizar os sonhos de todos que o orbitam. Como uma dança que deixa rastros entre as vestimentas dos convidados sobre o anfitrião parado. Dizer que eu não posso defini-lo, dizer que não tem forma. Só por ser flamejante, só por inconseqüentemente transformar-nos em cegos. Seu charme é radiante, e se esconde dentre os raios que me ofuscam.
       E não é de se pensar, nem de sentir. Apenas de acreditar, como se pudesse observar detalhes a olhos cerrados. Torna um hábito, uma ferramenta, uma necessidade. Nos dias em que podemos só ver chuva, as nuvens tornam-se entorpecentes. E cansamos de absorver-las em um vicio mórbido só para ver tua luz.
      Como não dizer que se precisa de chorar quando esta triste. Como dizer que você erguido torna-se mais do que um detalhe. Como nulamente dizer que posso ir embora sem você, por um caminho, por uma estrada. Como dizer que eu não te amo, seria sinônimo da pior mentira, seria o antônimo do meu destino, não seria efeito. Não seria eu.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

O Pseudo-assassinato do Sr. Goldenberg

      Ele não tinha forças para olhar o que via adiante. Estava sentindo repulsa, desejos de vomitar. Vomitar o que via, assim como seus olhos absorviam, tornando a cena em dois. Sua consciência, estava louca. Em ver toda aquela chacina, aquele palco. Ela não queria ver aquilo, obra barata. Nula de vida, que fez com o corpo, anulasse. E a caneta não conseguia nem definir, nem catalogar a gravidade do verbo. Que lei puniria tal crime? Ele sabia que tal corpo como esse não se importava. Pois era agora, só um objeto, sem cortes sem abstrações, sem danos. Do modo em que a partir do momento em que se tornara corpo, suas características já o tornavam, comum. Como era comum para ele vivo, viver.
      Ele colocara um lenço nas suas narinas, o cheiro daquela cena o fazia lacrimejar. Estava mais do que frio, o corpo estava contorcido como se estivesse dançando, vazando algo que não era sangue. O corpo não possuía mais sangue, só plasma e pus. Não havia nenhuma arma por perto, nem branca, nem projéteis. Só o corpo. Era um crime perfeito. Ele abaixou com seu lenço equipado, enfiou a mão com o lenço no bolso do infeliz e encontrou sua carteira. Ela era de couro de jacaré, não era muito espevitada. Possuía os detalhes a ouro de quilates rigorosos. E possuía o dom de botar medo, só de ouvir, o desabotoar dos seus compartimentos.
      Dentro dela havia um talão de cheques, cartões de créditos, uma caneta mini de cor preta – com a tampa trabalhada, e uma pedra que parecera rara na ponta – e alem de uma quantia chamativa no bolso principal havia a identificação do corpo, sua carteira de identidade. Sua foto não era muito antiga, o identificado possuía nela cabelos ainda brancos. E na filiação, após o seu nome, havia nomes de finais semelhantes – como uma família tradicional. Importantes e carregados de índole.
      Carregava após os respectivos nomes de seu pai e sua mãe, o nome de Ruphert Goldenberg. Para ele parecia um nome criado, mas mesmo assim sentia importância em seu nome, uma certa imponência. Pois o seu próprio nome era só Silva seguido de um desprovido Soares, e ele era apenas um detetive, na verdade um delegado. Mas recebia os honorário como um soldado qualquer municipal. E esse fato o tornava comum, como o próprio corpo que se apresentava morto em sua frente.
      O “Doutor” Silva havia recebido a ligação em forma de ocorrência, naquela madrugada. Era de um dos seguranças do local. Que acusava gritos, discussões, brigas na residência e logo após houve uma pausa. Um longo silencio tomava conta, e após, um carro abandonara a mansão. E os seguranças resolveram comunicar à policia. Logo após o detetive, usado só para neutralizar a situação em caso de ladrões ou assassinos, veio a pericia. Para identificar o passado, os minutos anteriores a aquele acontecimento. E não demorou muito, veio a ambulância, o reforço, a mídia, os advogados acompanhados do testamento quente recém impresso por eles. A pericia fora a próxima a trabalhar, logo matou a charada. Não havia crime, e tudo fora abafado antes que publicassem especulações. Ele sofrera de hipertensão, e morrera de infarto.
      Silva resolveu comunicar a família, após chegar ao IML pela viatura. Ele encontrou um numero de celular em seus pertences. Ele discava, não demorou muito para atendê-lo. Atendeu uma voz cansada, o fundo era silencioso. Parecia já ter fumado na vida, pois seu grave na voz era arranhado pela traquéia carbonizada.
      Ela logo atendia, como pergunta o óbvio de uma ligação: “Alô?” Ele logo respondeu: “Aqui é o delegado Silva Soares, do departamento de investigações criminais. Gostaria de comunicar uma noticia a família do Sr. Goldenberg.” Ela ficara tremula e respondeu rispidamente: “Eu não o matei! Ele já nascera morto, ele só fez aos seus sentimentos!” Logo ele a quis acalmá-la: “Acalmes-se senhora, eu não estou acusando ninguém, ele morrera de infarto. O que a senhora era dele?” Ela procedia de voz baixa: “Eu era sua esposa, e ele não morrera de infarto, isso seria um luxo para ele.” O detetive, curiosamente perguntou: “Então o que a senhora sugere na causa de sua morte?” Ela finalizava: “Para mim, ele morrera de hipotermia cardíaca; seu coração paralisou congelado...”

Astros em Fúria


      Todos os astros se contemplaram, era o orgasmo final. Aqueles que eram estrelas, viraram buracos negros e isso fazia a fúria de Deus arder em mim! Eu não posso definir o que é, e realmente não é definível. Tamanha força, tamanha vontade de dobrar o aço nos dentes, é a fúria de quem não pode tocar, e se retorce para se contorcer. Todos os Deuses, todos os governos, todos os modos e sistemas. Todas as águas, os cursos, os fluxos. Tudo que é inalterável, sólido e imaleável me torna demoníaco, me torna ganancioso, me torna profano. Tudo aquilo que esteja escondido, eu vou achar, tudo aquilo que um dia foi planeta fora de seu curso. Eu vou colocá-lo nos eixos, nem que para isso eu precise me matar afogado na minha própria banheira. Afundando minha cabeça contra a lousa e as dobras da torneira. Nem que eu precise dar voltar eternas no planeta para eu voltar ou avançar aquilo que me fez estar lá. Nem que eu vire essa casa de cabeça para baixo, revirar cada gaveta, abrir plantas, remoer fios! Nem que o sol me torre, nem que Deus me lance eternamente no inferno como fez com o Diabo, nem que eu precise virar Deus para isso! Eu vou encontrar alguém que me sinta como eu sinto tudo o que esta a minha volta!

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Companheiro Perfeito

        Não conseguia, ele permanecera dopado por sua própria função, seus membros inferiores nunca moveram. Criava uma proteção radial, como se sua aura pesasse os demais. Ele era divino possui o dom de chamar atenção, era discreto, charmoso e podia levar o seu suspiro milhas e milhas de gritos quando bem reproduzido. Todos o considerava um inimigo, mas isso por que não o entendiam. O sonho alheio era usá-lo para expressar o que o alheio sentia. E isso o tornava útil, porem o tornava enigmático.
        Seus dentes eram fortes, brancos, feitos de marfim. Era o seu meio de se expressar, cada dente era uma voz, cada voz uma vontade. E era o que conseguia fazer, reunia varias vontades humanas, das profanas as mais divinas. Numa turbulência, ou paralelamente; isso só o seu dono podia determinar. Quando o seu dono o possuía, era normalmente mantido em lugares que os demais podiam ver. Como um troféu, mais era triste mantê-lo sem que ele pudesse mover seus lábios.
      Aliás estes lábios, eram enormes, e não possuía gosto. Não era carnívoro nem vegetariano. Ele apenas absorvia alma, você poderia ceder parte dela, ou despejar todo o seu interior dentro dele. E era isso que o tornava predador, sua raça era das mais complexa, perfeccionista. Ele não era domado e isso o tornava caça ou caçador, dependendo do que sua alma tinha para oferecê-lo.
      Os olhares para ele, é sempre o mesmo. Mistura de vontades, opiniões, estilos. Tudo para o tornar mais confortável. Mais como sempre, impossível. Ele possuía características iguais a das luzes, viaja em linha reta, seu interior. Paralelamente para proporcionar seu chocalho perfeito. Era pior do que um camaleão, pois ele podia se apresentar como sua forma original, com patas, rabo e orelhas. Ou disfarçado, entre o sofá e uma escrivaninha, uma pilastra com ou sem castiçal. Era o que tornava seus crimes hediondos. Toda vez que eu sentava em seus aposentos, ou não conseguia dar sentido em uma só conversa com ele. Ou me desesperava, e me arremessava no seu ombro amigo. Ele era um perfeito companheiro, ele era um comparsa perfeito. Ele era mais, ele era o meu desejo. O meu piano.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Sala Chuvosa

         Ele não sabia por que, nunca se dera bem com ela. E mesmo assim estavam próximos. Ele sempre sem assunto, meio distante, analisando o mundo... De um ângulo diferente. E ela sempre querendo sentir as coisas, querendo achar os meios dos fins, o motivo de tudo e de todos naquele lugar. E só do fato dos dois serem assim, sem estradas, sem pontes ou qualquer outro modo de conexão, já os tornavam conectados. Os olhares os espíritos as idéias, até nas criticas, eles já se sentiam em ciclo, mas nada de sentir iguais.
        Eles possuíam um medo mórbido de se sentirem iguais, de um dia colocarem um igual entre suas equações. Não pelo fato de um dia chegarem a um denominador comum, mais sim de estarem com medo desse valor, do que esse valor representa e que tipo de numero seria essa igualdade.
        Mesmo assim eram incompletos, um sem o outro. Eles sempre se entre olhavam e sempre se perguntavam no ar rarefeito entre a turbulência dos dois: “Por quê?” – e isso já definia seus dias de martírio e complexidades. Ela já soubera disso, mas tinha medo de não saber o que estava se passando naquela cabeça enigmática e esquizofrênica, e ele tinha outro medo, o medo de estar incongruente com ela. O medo de estar invadindo certa expressão na qual ele sabia que ia completar. A tolice tomava conta, um na forma física, e na outra da forma espiritual. Entretanto ficavam naquele dilema de não quererem saber que um com o outro, mesmo que o amedrontasse, era a melhor alternativa. Não sabiam que na vida de um casal (propriamente dito, casal, um homem e uma mulher) equações são indecifráveis, e mesmo que as decifrem seria o fim deles mesmo, uma separação.
        E esse medo que os tornam inertes, sólidos e ambíguos. Mas tornavam presente naquela tarde chuvosa, na casa dela, onde qualquer coisa se passara dentro daquele largo tubo de imagem, na sala de estar dela. Onde ela já ferira os lábios de tanto os mordiscarem. E ele possuía os olhos já ardentes, de tanto intercalar seus olhos entre a TV e os olhos molhados dela. E eles sabiam porque estavam ali, e dentre vários comerciais ali passados, vários impulsos de vontade entre ambos dentre cada vinheta daquela caixa de mágicas.
       Virou então uma competição, cada hora um ousava um movimento, um toque. Não dava para imaginar a que distância ou posição que eles se encontravam no cômodo. Eles só se permutavam entre os ares. Ele na sua base física, a cada toque seus pelos do braço arrepiavam, e ele sentia sua barriga enrijecer como se estivesse levantando de um conforto, para uma vontade louca de desconfortar. E ela no seu plano espiritual, sempre que sentia um olhar, uma expressão ou algo que tornasse diferente aquele lugar, a deixava travada em seus aposentos, e transformava tudo por perto muito denso.
       Já aproximava as 6 horas da tarde, e ela sabia que ele teria que ir dali embora, e ele já estava a sentir pressionado com o tempo, seu celular dava facada em seu ego a cada vez que ele o consultava. Já não tinha outra solução, a TV se transformara em um passador de tempo doloroso para os dois, e eles já nem haviam mais explicações para aquela cena que eles se encontravam. A pressão atmosférica já havia dobrado, e seus ouvidos pareciam gritar depois de um surto de uma explosão de uma granada naquele cômodo.
       Quando tudo estava preste a suprir a expectativa da vontade humana, de um sobre o outro, e aquilo já se tornava um altar de vontades implícitas entre olhares cegos para o feixes que se reproduziam naquela caixa maldita de soluções. A luz se sentira fraca com as necessidades daquela casa que parecia usar mais energia do que as demais. Afim de suprir o que ambos não tinha, ela misteriosamente acabou.
       Agora viraria tudo de cabeça para baixo, eles subitamente estavam em uma saia justa, precisavam justificar um para o outro, qualquer situação que houvesse. Assim ele olhou para o reflexo dela na TV, no fundo do tubo perdido. Era o que ele mais queria ver na programação, ambos se entre olharam nos reflexos escuros daquela situação. Ele não mais reagiu, virou para o lado e disse: “Se eu começar, não vou conseguir parar.” Ela se aproximou dele e respondeu: “Afinal, porque você não tenta parar?” E eles abandonaram os planos.

domingo, 4 de outubro de 2009

Na ponta do Abismo


        Em que freqüência eu estaria. Não consigo recompor: as cenas, os odores, os fatos e as cores. Todas misturadas na mente de quem não tem orientação. Orientação que não é um luxo por falta minha, uma direção em que todos estão seguindo. Só que as vezes alguns acordam, as vezes outros dormem. Daí quando se anuncia o caos, todos levantam! Mas é questão de tempo para todos dormirem.
        Dormem, pois se acostumam. Ela também se acostumou. Por mais que fosse diferente, ou que parecesse em estilo, diferente. Ela sempre estaria atada as curvas desse chão. Não de saliência, mais sim da borda, que limitava a nossa ilusão. Ilusão de liberdade, ilusão da inclusão. Mas mesmo assim, lutava, como se pudesse mudar alguma coisa. Talvez seu estirpe, talvez suas vontades ou quem sabe sua religião.
        Porem ela sabe que foi esse seu jeito de mudar que nos tornou amigos, ela sabe que esse verbo me mantém em fluxo perpetuo com que eu admiro. Ela sabe que com ela eu pulo no abismo! E quem não pularia? A amizade é uma das coisas que tornam a vida mais fútil e flácida do que tudo, só de saber que você os tem verdadeiramente já o torna forte, e dores são risco ao corpo sem intenção alguma.
       Por que a intenção só existe quando existe outra para a primeira existir. Como um pulso de dois pólos, como espelho na frente de outro. A amizade é assim, reflexo dos gostos entre duas pessoas até a imagem desaparecer na superfície do outro. E assim eu vivo, sabendo que tudo é ilusão, e que tudo pode ser facilmente quebrado. Menos a ultima imagem que se forma apreendida no interior de cada amigo meu.
       E dentro dela existe uma chama que se reflete em mim, dentro de mim existe um vento que alastra nela. E nós vivemos alastrando chamas pelo mundo, sem se preocupar com quem será incendiado, com quem vai sobreviver, e até onde nossas labaredas vão alcançar. Pois eu sei que de um abismo o fogo nosso não pode passar, mas quem sabe nele também o nosso calor pode alcançar?

sábado, 3 de outubro de 2009

Algoz da Janela

         Não era para ser invadido. Pois sonhos, como todos que já tiveram, sabem que é inviolável. Pois nem todos obedecem a essas regras, e mal sabem que são obrigados a obedecê-la. Mal sabia que tinha-o em presença, mais em presença eu estava distante. E em meu exílio, sempre fora para me desconectar das regras desse mundo. Eu sempre fui mais adepto as regras dos sonhos do que as desse mundo. E queria ensiná-lo para que você pudesse saber o que se passa nas almas das pessoas quando elas sonham.
         O primeiro ensinamento é o que mais pode ajudar a você interpretar os sonhos de um alvo: a expressão da pessoa. Como eu estava ao dormir? Você poderia, ter visto. Visto meus traços, meus solfejos durante meu longo despejar na cama. Mas como estava tão vidrado: no vidro do meu quarto, no reflexo das quatro horas da tarde. Mal sabia que se tu chegasses pelos raios do Sol, não poderia atravessar minha janela, e nela você ficaria vidrado.
         Vidrado, pois não sabia que durmo de costas para ela, e que minha cabeceira tampa meu rosto de quem vem de fora, fora como você veio. Eu não consigo, e não conseguiria deixar que nem meus visinhos me vissem dormindo, pois sei que em situação como aquela, eu seria preza fácil de suas permutações. Não sabes que conto nomes durante repousos, o espectro que eu sonhava, eu poderia ter dito o nome sem nem saber. E você poderia ter ouvido, por isso durmo de contra a janela.
         Não quero desafiá-lo e nem perguntá-lo o que viria, pois não crio mais interesse sobre muitas coisas hoje. Mas você estava na janela, poderia como em ti mesmo ter filtrado o que sintas, pois sei que sente. E me dizer, pelo menos pelo olhar, que olhos são esses que me persegue. Vivo procurando-os, e filtrando os demais só para achá-los. E isso me intriga, me enfatiza e me ilude, e depois me machuca. As unhas nas quais não uso por vontade minha, são calores estomacais que me invadem ao sentir esses olhos vindos de banda em mim.
         Pois sei que não vem direto. Pois se um dia vier, sei que me mataria. E ai não vou poder mais ter controle de mim, e tenho medo de fazer alguma besteira. Por isso sonho. Sonho pra poder descobrir uma cura para esses olhos que só me aparecem em sonhos e me acórdão com um calor de pelagem própria da raça. E me fazem ter mais esperança ainda, ou as vezes, mais medo ainda. Por isso peço que sonhes, sonhe alto para que talvez tenha essa cura antes de mim e que posse me entregá-la antes do dono desse mal. Pois quero como um amigo que venha pela janela só no caso da urgência de meus pesadelos me consumirem, quero que você não se vidre na janela e nem fique vidrado com o que tenha que aparecer de mim quando eu sonhar. Não quero que você fique de fora como um estranho, não quero que você entre como um conhecido qualquer. Só quero que você me entenda e deixe essa posição de refração no vidro. Quero que você deixe, esse ofício, de ser meu algoz da janela.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Olhos de Lupus


     Aqueles olhos, eu tinha certeza que me afetariam. Eu simplesmente não havia passado a semana muito bem e tinha certeza que a terminaria sem completar a tristeza, porem, estava errado. Entrei em um vício que nunca me ocorrera antes, e tenho medo de não conseguir me desvincular. Começou essa semana, como um ciclo, um mês de outro mundo começando só para mim. Só eu podia senti-lo, e eu não saberia que você me sentia, até hoje.
       Após o vicio do cigarro, que me livrei facilmente. Não saberia dizer se eu estou reagindo a isso, ou a uma nova substância na qual eu sempre a usei, porem só agora posso definir qual é. Algo que faz você desvincular facilmente de qualquer plano e entrar no de outro ser. Algo que faz você realmente provar e saciar dos sentimentos transpostos pelo outro ser. Algo que é estranhamente chamado de janela da alma, e que varia entre várias qualidades e defeitos, e que possuem de diversas formas e desenhos. Apenas para que um deles tome domínio sobre você.
        Estou na cama, prestes a dormir, como toda cena de real importância que me faça sentir. Posso ver me lendo, algo que seja incrivelmente popular e que não me intimide muito pela própria mídia. Porem sinto-me bem, e confortavelmente em fluxo com a historia, até que o sono aparece como uma instigante alternativa. Sonos que aparecem estranhamente pós a tomada de um café ultramente forte conhecido pelos amigos mais íntimos.
        Desarmo, mas desarmo como se eu não quisesse soltar o livro, como se meus olhos tivessem presos a ultima estrofe lida, e como se Deus ou algo divinamente poderoso me obrigasse por redenção a continuar a ler. Pois assim, como já previsto, me sinto despencar. A ouvir trechos da narração criados por alguém que não era Deus, muito menos eu. Alguém realmente inspirado que queria passar para mim, algo realmente doce e real, algo belo.
        Procuro, remexo-me em meus lençóis como se estivesse procurando um alfinete, uma chave desse dilema de ver quem poderia estar declarando tão firmes e claros sentimentos para mim. A necessidade era uma dádiva que sempre chamou minha atenção, dos condes mais ricos, seus desejos sempre me inspirarão a ajudá-los como se eu fosse um mordomo, ou um escravo.
        Achei! Mas por um instante, um feixe, uma passada de água na piscina negra dos meus sonhos. Consigo adquirir só a visão dos seus olhos, olhos persianos que levou a minha semana a falência. Era você, se não era você, era seu espectro. Que viajara milhas para encontra-se a mim, e assim me encontrara facilmente com a janela da alma aberta. Mais um feixe lançado sobre o lençol que acabara de jogar para o lado. E você estava com eles fechados.
        Os olhos nos quais me fizeram de tolo, em acreditar que aquilo me salvaria. Trouxe-me a tona o que eu realmente temia, meu vício. Olhos, janela da alma, prisão de memórias. Os que me pegam são exatamente bem desenhados, sua pupila é mais escura que a sua íris. Porem ambas são espelhadas, ambas tem o poder de ver-me em delírio, pedra polida, sem lapidação. Sem perder um fragmento de seu todo. Olha para mim querendo me perguntar como estou, e como sempre, recebe a resposta dos meus olhos de um jeito que te intimida.
        Pois eu tenho os olhos perfeitos para essa reação, olhos que sempre quando respondem intimidam o locutor da pergunta com o sentimento mais puro, que minha boca não fala. E essa habilidade minha só funcionam com olhos espelhados, olhos de lupus me perseguiram essa tarde para me fazer uma sentença. A sentença de esperança, pois sabes que não posso tê-lo em meu mundo, e nem eu no seu.
        Mais um feche, e afasto o lençol do meu corpo embrulhado, e você não esta mais perto de mim. Seu pedido de ajuda foi recuado pelo destino, o destino de dois mundos. E você fora esconder novamente em olhos alheios, querendo me machucar, como as unhadas que dou em meu rosto, nos momentos de ânsia. Respiro em três ritmos, me acalmo, chacoalho a cabeça. Tentando tirar de mim as narrações prendidas. Levanto-me, sirvo mais uma xícara de café, para rebater o primeiro. E vou escrever esse texto.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Click and Flash

“Por que todos sabem que é impossível, inatingível, e intocável. Só de estar em outro fuso horário já torna as coisas complicadas, deslocar-se, gastar dinheiro, hospedar-se, para depois se frustrar com o inatingível. Pois o que torna uma celebridade intocável, não são seus seguranças ou o seu dinheiro. É a sua importância sobre os demais humanos, a celebridade ela é vista na televisão todos os dias. E pense só: se você é visto várias vezes, logo é conhecido. Se você é demasiadamente conhecido, logo é querido e/ou amado por alguns e/ou muitos. Se é amado por muitos/poucos, logo você já se torna intocável! Pois você será competido por várias pessoas que o querem de alguma forma: um toque, uma assinatura no guardanapo, uma camisa sua suja ou usada. Tudo isso se torna uma relíquia, uma dádiva de deus na terra. O preço disso? Uma vida pessoal e sentimental apodrecida, e supersaturada pelas opiniões e decisões dos outros. Fama: Um veneno doce, que a maioria quer experimentar”