quarta-feira, 6 de julho de 2011

Paralelo

     Vivo em um mundo completamente contemplado por mim. Dês de suas estruturas, aos mais altos picos. Onde toda a biosfera da loucura é o que dá um palco para esse universo. Um lugar onde criei sem querer um lar para depois de tudo que aconteceu conosco. Do jeito em que você despiu minha alma e me rejeitou, à minha falta de aceitação quanto a isso. Você foi extremamente rude comigo. Açoitou-me cada membro de minha ilusão; como assim fosse mais fácil, meu fardo couber no seu passado. A verdade é que agora eu não me importo. Com toda essa loucura, me tornei tão forte em controlá-la que não preciso de você para ser completo. Não me importa quantos venham, materializarei todos os corpos só em você. Eu não tenho tempo a perder, nem vida a viver. Estarei com os outros pensando em você; e os outros estarão comigo pensando que estou presente. Porque às vezes a vida é assim. Eu não posso te ter, e eu não me importo. Vivo em um mundo paralelo. Onde meu amor é dois. Pois um amor às vezes é tão forte que pode criar outro amor; sintético. E satisfazer-se só com ele.

domingo, 3 de julho de 2011

Inapropriado

     Depois de muitos e muitos anos, ele bateu em minha porta, e disse que precisava entrar. Primeiramente levei um choque, nunca imaginara que tal ser apareceria em minha frente depois de tantos anos. Mas não manifestei meu espanto, ali naquele momento estava guardado tudo o que eu queria tudo que eu havia pedido a Deus.     Eu singelamente olhei para de traz dele, puxei um pouco de ar, para poder raciocinar a cena em que iria ter que digerir. E ela seria densa. Assim ele logo foi direto ao assunto, que lhe trouxera aquele momento. Disse que estava infeliz, e que já estava me acompanhando dês de um tempo. Falou de suas experiências e seus planos frustrados.
     Não me disse seu emprego, nem de disse de sua morada. Apenas falou de sentimentos, como se ali naquele tempo já avante de minha fase adulta eu fosse compreender com intimidade.  Mas enfatizou uma parte que nem me julgava importante, eu já sabia do que se tratara. Ele nunca fora tão amando na vida, como foi um dia por mim.
     Pediu para que eu o deixasseele entrar, para que pudesse ter tempo e modos de esclarecer. Ele sabia da minha inflexibilidade, era e é um dos acentos mais fortes de minha personalidade. Ele suplicava. Pedia perdão, estava na ponta do Ice Berg ridículo em que ele começaria a atuar. Disse que precisava sentir aquilo que sentira comigo antes, de novo.
     Eu apenas o interrompi sem torcer um nó se quer na garganta. Apenas levantei a palma direita, com a segunda já na maçaneta. O parei olhando para baixo, deslizei os olhos sobre toda aquela imagem. Vi cada detalhe. Todo aquele corpo que era por mim amado. Tudo o que eu planejei antes, e tudo em que ele mesmo o destruiu. Tudo o que eu queria que agora ele quisesse e fora destroçado.
     Puxei mais uma lufada de ar, tudo muito delicado e pensado. Abri meus lábios para assim a boca. E lhe disse: Eu vi um futuro em que tudo se encaixa. Até o meu desinteresse nos arrependimentos tardios. – E fechei a porta sem bater, virando o trinco duas vezes da chave.

A Carta VI

     Está noite eu não vou sonhar. Pois, se não posso ter controle de meus sentimentos, não quero ter que me preocupar com meus sonhos. Eu quero ter o controle de tudo o que passar por mim. Ou ao menos ter um radar, do que me acontece. Prever, e me prevenir. Está noite eu não quero ter que chorar, por aquilo que já morreu. Pois eu nem gostava de você. Eu gostava do seu amor, e você fez questão de matá-lo. Agora só existe eu, você, e o meu amor por você. E este último se tornou tão forte, que nem eu, nem você, não pode derrotá-lo. Ele agora age por si próprio, me manipula, manipula o tempo e o espaço a fim de te encontrar. Ele só quer a sua presença. E ele me tortura por isso. Pois agora peço, e digo: é o fim! – Deus; ou matas-me ou manda-me-ei-lho de volta, enamorado por mim!

Apoteose

     Eu te quero, eu te quero, eu te quero. Não sei como, nem quando, mas ainda quero. O mundo vai acabar você vai brigar com tudo aquilo que pensou ser verdade para você. E no seu esquecimento de que um dia foi meu, eu ainda vou te querer. Você vai olhar com dó para mim, e se lembrar de como era “confortável” a minha presença. Nada mais do que isso. E ai. Irei exaurir-me de tudo que era perfume. Vou absorver todo o enxofre e o carbono do ódio. Encarnar-me por um cigarro, e querer-te morto.     Eu te quero, eu te quero, eu te quero, morto.