Certa vez me disseram que eu conheceria todos os gostos, e que tudo nas pessoas estariam juntas e que eu deveria aceitar elas com todo esse conjunto nelas anexado. Foi quando eu aceitei, e vim para velas de perto. Nessa mistura de cheiros, olhares e interpretações, essas pessoas me disseram que o que eu havia apreendido era tudo mentira. E que eu deveria saber dividir o que estavam juntas nelas, e que eu deveria ter discernimento para isso.
Foi quando eu levantei, e recusei. Ter aquilo dividido em cada um, de cada um. Ter humanos, em xeque sem sentimentos, sem cheiros, sem olhares e interpretações. Fez-me de um vago sonhador, um profano depressivo. Vivi nas cinzas das telas pintadas a mão, em tintas pretas, vagos brancos e sombras a grafite. Tudo virou vento, pingos cinza e poças diluídas.
Foi quando de todo esse conhecimento, o pedaço dessa receita eu mordi. E engoli como a comida mais cara e de um gosto ruim. Desceu “rasgando”. Como se fosse comer algo que não foi preparado para uma criança. Uma careta dessa criança eu fiz ao experimentar tais sensações: doce, salgado e meio-amargo. Saber que eu pude ter o melhor cozinheiro para ter feito isso comigo. Ver o que ele dedicou para isso.
Foi quando eu soube o verdadeiro gosto das pessoas. E que se não fosse por esse cozinheiro, nunca saberia ao certo e viveria no mundo das cáries infantis. Sem saber o que aflige, influencia e deforma as pessoas dos quais eu tanto gosto do gosto que hoje provo com cuidado: doce, salgado e meio-amargo.