domingo, 31 de janeiro de 2010

Memória Celular


     Ele estava mal, sentia os passos mais pesado, seu coração estava falhando. John precisava de um transplante de coração. E precisava rápido! Ele já estava hospitalizado, em um ótimo hospital que a família pagara para sua boa recuperação que viria. A época não era muito atual, o que tornava a medicina mais precária. E os procedimentos mais conhecidos, por serem poucos, por serem falhos.
     Transplante naquela época não era uma coisa muito conhecida, e nem muito feita. As pessoas ainda achavam o procedimento meio macabro, havia várias superstições, e as rejeições mal conhecidas pela sociedade médica colocava mais medo à situação. Porem aonde há mendigo, há esmola. Júlio estava na outra ponta da história; sendo assaltado nesse exato momento em que John é colocado à maca, após um vacilo do coração, dentro da ambulância.
     Júlio reage, a dois assaltantes, um que estava revistando-o e o outro fazendo a “segurança” do assalto com uma 45mm mirada na sua testa. Júlio após meio movimento brusco, recebe um tiro a queima roupa, que o torna morto. Júlio era doador; um dos poucos naquela época. E ele agora também estava sendo carregado para o hospital, após o policial ter visto na sua carteira, o termo de doador, explicito.
     John também não estava muito bem, ele estava descansando sobre sua cama, vagando pelo quarto com uma queimação infernal no seu peito, ele sabia que estava morrendo. Júlio, ou pelo menos o resto de Júlio, estava ao lado de Clara. Sua namorada à tanto tempo: tempo para se planejar um casamento falho, que morrerá também naquele dia.
     Clara estava inconformada, chorando de remoço, desejando o diabo para quem fez aquilo com Júlio, para quem fez isso com ela. E agora levada para fora, sabia que Júlio perderia aquilo que fora dado a ela por intenção: o seu coração. No mesmo hospital, estava John a algumas salas ao lado, recebendo a noticia do doador aparecido. E um pouco não muito feliz com isso.
     Um morto, o outro sedado. É chegado à hora do procedimento. Com agilidade, tudo corre perfeitamente bem, pelos médicos. Uma transferência rápida, de uma maca a outra. Sem mais discussão. E após várias horas, John acorda. E vê em sua sala embaçada, vários médicos com os olhos ansiosos refletidos pela luz do sol. Porem, vê mais um par, possuidor de uma roupa simples e diferente daqueles lá presentes.
     Clara o olha com um olhar tristonho, lança para ele um sorriso vago, do que era felicidade por pelo menos algo de alguém que ama ainda estar vivo. John a olha com um olhar diferente, como um poder de olhar que não era seu. Clara se espanta com esse olhar. Poderia ser? Uma característica que sempre chamou atenção em Júlio, agora em outra forma, em outro corpo. Como pode uma coisas dessas acontecer?
     Ela estava em cólera, e balançando a cabeça abanou aquela idéia para fora de sua cabeça. E John quis mais era perguntar seu nome, ele realmente via uma luz refletindo em Clara, a deixando clara. E ele podia até classificá-la: ele podia dizer o que mais gostava nela, e o que menos aprovava em suas roupas, no seu jeito. Ele podia fazer isso com uma experiência assustadora!
     A experiência que fez eles juntos na recuperação, e depois de várias conversas nas salas do hospital, viram o quanto aquilo os atraíram. Um selo posto para John em seu peito, e o mesmo selo transferido de Júlio em John para Clara. E aquilo não precisava ser dito, eles sabiam sabiamente o que estava acontecendo.
     Clara sabia que algo de Júlio continuava vivo, e John sabia que algo novo crescera dentro dele. Só não sabiam que era amor, só não sabiam que era a vontade louca de Júlio pulsando dentro de John, despertando tudo que ele ainda quer proteger e valorizar. Dentro da memória celular de seu único órgão vivo. Mais que um órgão: um amor, uma vida, um coração.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Antes da Primeira Impressão


     Será o primeiro dia do próximo mês. E você estará lá, no dia como foi marcado. Entrará talvez de cabeça baixa, talvez não. Mas vai entrar. E ai vai por sua primeira impressão sob todos lá presente. Vai estar com vergonha, isso você vai estar, e é natural. E ai depois de levantar seu par de olhos: cor que seja e como seja, vai começar a ver. Identificará seus amigos, andará mais rápido para perto deles, para se juntar a eles. Dará meia volta e identificar os demais rostos conhecidos: os demais amigos, inimigos, conhecidos, não conhecidos. Dos não conhecidos, quem vai com sua cara, quem não vai. Quem gostou de você, quem não gostou. Vai ver pessoas mais velhas, que sempre estará com você, a partir daquele dia. Vai amar uns, odiar outros. Vai ouvir um discurso, daquele que coordenará você, e os demais ali presentes. E vai começar a deixar as coisas fluírem, com o humor que tiver com a cara que estiver. Vai estar.
     E querendo ou não, gostando ou não, vai ter a primeira impressão que definirá o resto do percurso do seu primeiro dia de aula.
     Sim esta é a vida, e estes são os fatos; Quer sim, quer não...

domingo, 24 de janeiro de 2010

O Efeito do Efeito


     Limita-se ao próprio limite, a ponta da onde não se aponta. O esquecido, ou o alterado. Um erro no misticismo, um alterado. Alma protegida pela carne, ele será só dela, e ela não deixara nada que for de divino ou profano o tocar tua alma. Ele pode ter todos os símbolos, pode tentar interpretar todas as imagens. Mas ele só estará errando, só estará perdendo seu tempo. O tempo de um guerreiro, o Leão no meio do calendário. Longe de qualquer Ophiuchus. Distante da própria virada de qualquer ano. Ali está o salvador, o inalterável e intocável ser físico!
     Vagando sob o ocultismo que todos passam, e tem em presença. Ele não pode ver nada, alem do que vê. Não há mais contraste do que seus olhos captam. Não há mais gravidade do que a própria gravidade exerce. E não há lei que obedeça a própria lei. Martírio? Sim! Ele se pudesse ter um poder, seria o Deus do tédio. E como ele repulsa isso!
     Ter que ter sentido na sua vida, sem doutrinas, sem elos e nem consensos. Sem pactos, e nada que valha. Ele se limita a planejar o já planejado, de todas as outras vidas. De todos os outros planos, e de todos os outros destinos. Como se fosse fazer um filme já feito. Um remake, refazendo tudo aquilo, com os mesmos materiais. Porem tudo de uma forma forte, e consistente.
      Porque dele nada sairá fraco, ele é o oposto do espírito. O mais forte; dentre os mais água, o mais fogo. Pois tudo em todos são de equilíbrio. Menos ele. Ele é o equilíbrio de seu destino oculto no selo de ser uma estátua. Representando o fim do destino, pois nele não existe. Não és um messias, mas é o total contrario de um anti-cristo. Pois daí travaria uma luta: o todo feito de carne, contra um todo feito de espírito. É assim que seria, o efeito de um efeito: sem efeito algum!

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Que dia é hoje?


     Sentado a luz do sol, sobre a cadeira giratória acolchoada da varanda, com plantas estilo trepadeiras sob a cabeça; e a balançar eu estou. Tudo é muito leve, tudo e muito vago... Todos os pensamentos passam como se fossem água passando no filtro de papel, em uma garrafa que se esquece de por o pó. Nada fica só o filtro molhado, fingindo ter sido usado. Paro de fingir que estou pensando, e penso: “-Hoje é sexta, sábado ou domingo?”
     Tive tempo para levantar, ir a um calendário mais próximo para responder tal pergunta, e de fazer várias outras para se perguntar e responder naquela casa imensa. Mas não tive vontade. Estava tudo muito leve, tive medo de voar, e sentindo o ar fugir mais fácil dos pulmões comecei a cantar algo leve também. Na verdade fiz isso para gastar menos ar, já que sabia que se não fosse bossa nova perderia todo o meu fôlego em menos de um verso.
     Em fim, sem fim ou com fim. Eu não sabia, não sabia de mais nada. Isso era bom... O estado de estar totalmente em si, de não estar em ninguém, de não estar querendo estar com ninguém. Podendo até cantar, em declaração, para você mesmo. Gostar de você mesmo, é uma coisa rara, e de uma fração de tempo muito curto. Quase igual a felicidade... É... Igual a felicidade.
     “-Sexta, sábado ou domingo?”
     Torno a me perguntar, e não me conformo em não saber a resposta. Porque o prazer de não saber me faz me sentir perfeitamente isolado do próprio saber. No instinto quase como um animal, que não sabe quando vai fazer sol ou se vai chover. Um ser que não pode olhar para o céu, ou para um lugar aonde os outros possam ver.
     Me pergunto agora, no mesmo filtro recém molhado de furtivos pensamentos, se existe alguém a mais no mundo que poderia ter essa mesma sensação. Alguém que se goste, ou que esteja na faze do se gostar. Alguém que esteja na faze do não usar a palavra “amor”, e ainda, deixá-la protegida na cápsula das aspas durante a performance no texto.
     Se existisse tal alguém, eu poderia até dessa pessoa gostar. E assim evoluir passo a passo, no dia a dia de quem quer gostar de si. E iríamos gostar tanto de “sis” que estaríamos nos aproximando, em um contra tempo de começar a gostar um do outro até quem sabe, no calor de uma noite mais amena poder até pensar na possibilidade de “am..”. Logo lembro que não posso pensar em tal palavra. Ela quando entra em ação me desgasta, e logo lembro de todo o sentimento ruim que já tive com ela, quando usava com outras pessoas. Logo meu filtro se enxeria. Pois então volto a esquecer tudo aquilo que poderia acontecer, volto a não pensar em nada, e a me perguntar:
    “-Hoje é sexta, sábado ou domingo?”

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Vida e Pais


     Dois personagens, um de idade “normalmente” à metade do outro. Os dois jogam um jogo, um domínio por um objeto. Só que um tem mais domínio físico do que o outro. Já o outro tem mais o domínio “ideológico” do que o primeiro. E assim eles viviam; brigando pelo fazer e fazeres do objeto.
     O objeto? Corpo. Sim um jovem corpo capaz de fazer tudo o que ele lhe fora mandado a fazer. Porem vivia em discórdia ao ver dois seres tentando comandá-lo de formas distintas, e o deixando confuso. Assim é a vida de todo “corpo filho”, tendo como controle as vontades físicas do filho e as exigências turvas do pai.
     Não mudando o sexo dos pais: Mãe ou Pai. E não mudando o sexo do filho: Filha ou Filho. Sempre percorremos a nossa história nesse deleito em que um quer mandar na vida do outro, e o outro tendo mais controle, quer mandar na sua própria vida. Quem sofre no final?
     O corpo, lógico. Cheio de marcas e putrefações, dentro ou fora. Na maioria das vezes dentro. De tanto que manda e desmanda, tira e põem, faz e não faz. Isso vai matando o corpo, isso vai desarticulando. E fazendo de minha teoria cada vez mais a verdade.
     Porque embarcar nessas posições, sendo que eu como eu mesmo, atuo em uma: Tendo minha opinião em defesa do filho. Sempre terei essa visão até ser pai, dizendo hoje, que sofro redomas e fardos inexpressíveis de dor, ao me digladiar com alguém que deveria se mais do que mais meu amigo, meu pai.
     Porem quanto mais eu brigo e mais tenho desavenças com meus familiares. Mais quero tomar a posição de filho que tenho hoje. Por causa dessas picuinhas, dessas armadilhas esdrúxulas para me tirar o humor todos os dias, após o expediente do dito fardo. Vejo que quando eu tiver meu filho, mais e mais vou respeitá-lo; respeitar seu espaço, suas necessidades, seus desejos.
     Formando para ele só o verdadeiro conselho do que deve ou não fazer, e suas conseqüências. Para assim ele tomar suas decisões sem ter dúvidas, e sem ter medo. Sem “querer” ver ele vá se arrepender, e sem dar palpites, para assim não forçá-lo a arrepender. E viver feliz, sem indagar e nem (diferente do que meus pais) o perder, na vida.

domingo, 3 de janeiro de 2010

O Atravessar de Carina


     Carina era jovem. Sua pele cereja refletia o humor e o amor de ser jovem. Vinte e dois anos era o que a tornava tão feliz, pós refugiada dos pais. Carina agora estava feliz sozinha no seu apartamento com mofo nas quinas das paredes, pintura amarela amarelada, e partes fixas do prédio de madeira ocas de cupins. Mas o mais importante estava dentro dela, e fora: A liberdade de ter refugiado dos vãos que os pais recém mortos pela idade a traria.
     Agora nada poderia influir mais na sua vida, alem dela mesma, e de tudo que ela arranjaria como conseqüência. Carina sempre soube enfrentar os problemas que adquiria. Era o mais fácil para ela. Pois normalmente; seus pais que traziam para ela os problemas, e isso a transtornava. Isso que era o peso em suas sandálias rasteiras, na vida toda. E ela sentia isso, pelo menos até ter se libertado.
     E ela estava sentindo o Sol, na porta de seu apartamento, no bairro em que morara, – o mais badalado da cidade – e agora ela podia sair, podia voltar, podia nem mais dormir no mesmo lugar. Só de poder, já a deixava invejada de ser assim. Mas não, ela queria ficar por lá, na frente de seu prédio azulejado pela metade, para poder sentir os elementos que fariam de sua companhia, matinais nos seguintes dias de sua história.
     Era sábado, e era o primeiro pós mudanças. E Carina agora não queria sair, nem festejar, ela só queria fazer algo de bem, para ela ou para o novo lar. Era só isso que ela queria. Ela abriu os olhos, castanhos chocolates banho-maria. E no desfoque da pupila na visão, permitiu que ela visse um senhor do outro lado da avenida.
     Era Júlio, e ela já havia cruzado com ele durante o descarregar do caminhão de mudanças uma vez. Ele era charmoso, andava sempre bem vestido, estilo retro – de terno e blazer, com um chapéu americano sempre às mãos. – Era alto, cabelo castanho corte surfista, tinha a posição da coluna perfeitamente posta, como se ele fosse um cavalheiro, como se ele pudesse enxergar.
     Sim, Júlio era cego, e ela mal percebeu isso. – Se sua vizinha não tivesse comentado, ela nunca saberia. – Seus olhos, justos nos lugares e também amendoados, não possuíam defeitos algum! Eram perfeitos e nem dançavam igual de quem não pode ver. Eles apenas eram vagos, e seguiam apenas o tropeçar dos sons: da rua, das vozes, da música.
     Carina se sentira tão feliz, e tão atraída pela asserção do destino quanto aquela situação. Que resolvera fazer-lhe uma surpresa. Carina sempre fazia surpresa para marcar a primeira impressão com a pessoa. Então ela atravessou a avenida, girou levemente no poste que a dava como obstáculo, e o abordou pelas costas segurando seu braço – feito bailes de época – e disse:
     -Olá, meu nome é Carina. E o seu?
     Ele surpreso com a situação, resistiu por um tempo, depois vendo logo o objetivo de ajuda da moça, a cumprimentou:
     -Júlio. Não precisa...
     -Ora, estou de folga, hoje é sábado. Dia das pessoas felizes! – Ela o interrompeu.
     Em quanto ela – no comando – esperava o sinal fechar, logo o perguntou, tagarelando:
     -E o senhor, é feliz? Hoje, pelo menos?
     -Sim, eu acho...
     O sinal abriu.
     -Então merece um passeio!
     Carina começou a dar largos passos, em sentidos invertidos e logo quebrou a concentração de Júlio, e ela começou a puxá-lo de um jeito em que ele não poderia contar os passos, e perdendo o mapa mental de onde estava, hesitou em confiá-la à direção do trajeto. – Pois ele só queria chegar em casa, à salvo.
     Ela vendo que ele deixará a tenção de lado, e relaxando os músculos começou a fazer algo em que não havia como pará-la.
     -Veja senhor Júlio, uma loja que nunca vira! Sou nova aqui sabe!? Um vestido lindo em sua vitrine! Nossa mais como é caro! Levaria meu salário inteiro para pagar tal tecido! E olhe que carro mais lindo! É aquele da propaganda em que a mulher deixa o homem para agarrar as chaves! Como se ele não existisse! Olha só ele é prata! Deve de ter ar condicionado e tudo!
     Carina e Júlio, numa dança incessante, girando na urbanidade da vida, ele sentia uma sensação nova. Era mágico aquilo, ele escutava a voz doce dela. E ela via os olhos belos dele. Ele como se nunca tivesse falado, e ela como se nunca tivesse visto. Trocaram naquele momento de descrição da cidade, os sentidos. Ela não podia mais enxergar, de tal beleza que o moço era. E ele não podia mais ouvir, de tal doçura que a voz dela era.
     -...ouça a música senhor Júlio, é Beirut! Chama-se St. Apollonia, ela é linda não é!?
     -Certamente senh...
     -Sim eu adoro Beirut! É tão vivo! Veja agora! A Dona Aubuquerque! Ela me ajudou na mudança, logo ela vai estar espalhando por ai que eu estou namorando o senhor! Hahaha... Como ela vai espalhar isso!? Rapidinho, tenho certeza! Nossa o senhor pode sentir o perfume!? São rosas ou jasmim!?
     -Jasm...
     -Rosas! Tenho certeza! Minha mãe usava um desses, é daquela jovem moça, que se veste de vestido azul marinho todo chapuscado! Dando efeito de ondas e fazendo ela flutuar em quanto anda. Olha senhor Júlio é a o seu apartamento! Chegamos!!! Eu o deixo aqui. Foi um prezer te conhecer, nos vemos recentemente! Tial!!
     Ela o deixou na porta de seu apartamento, com as chaves nas mãos. Júlio parou para respirar. Ele tinha certeza que estava branco, apesar de não ver isso. Ela o fez ver, com os ouvidos, tudo e todos que estavam por perto. Foi mágico, foi lindo e foi rápido! Ele não podia acreditar em tal acontecimento! Foi a chave do despertar para Júlio! Ele estava sob palpitações. Seu coração desparava inconstantemente desrregulado!
     Do outro lado do quarteirão, dançava uma jovem feliz, rindo de si mesma. Sentia o ar mais leve, a briza mais fresca, os murmúrios mais suaves. Ela estava alem da felicidade, com sigo mesma; amando, como se nunca tivesse amado. Agora ela sabia o que faria da sua nova vida, e ainda mais! Sabia o que faria nos sábados livres e solitários. Visitaria o senhor Júlio, sua mais nova companhia, naquele bairro badalado.

sábado, 2 de janeiro de 2010

Escrever o Escrever


     Tudo para dar um texto, vale matar a mãe, vale matar amigos... mas agente nunca faz isso. Não de um jeito que eles saibam. Por isso o uso de metáforas! Sim o maior recurso lingüístico usado pelos amantes de crônicas e dos contos. Saltar duas linhas, uma para o título, outra para o vão. Depois dar o espaço na terceira linha para o inicio do parágrafo – dois dedos no mínimo – e pronto, já pode despejar todos os sentimentos, detalhes e dobras das palavras, porque elas dançam como goma de mascar na maquina de fazer, só para dizer o que tem que ser dito!
     Pronto, fora o primeiro para a introdução. A Marilene me disse que esse era o primeiro o mais importante, o instigar da imaginação e da curiosidade. E que entre eles (os parágrafos) a conexão devia ser estabelecida, com harmonia, sintonia, e abordagem de assuntos para a melhor valorização do texto, ou dos detalhes. Mas tudo com muito cuidado! O parágrafo frasal, era para a Marilene o derramar do café da manha sobre a toalha branquinha de sua mesa matinal. Era sim, imperdoável.
     Tudo pronto agora estava na hora de finalizar, com muita ternura, muitos elementos. Sem passar do numero respectivo de linhas semelhantes do primeiro e segundo parágrafo. Para não ficar feio, e nem desesperado. Agora era a hora de emocionar Marilene - nossa professora de português e de redação – aquela que muitos alunos odiavam pelo “militarismo” em sala de aula, e que muitos outros a amavam pela elegância e pela delicadeza que ela tratava seus alunos prelúdios da arte do escrever. Sim, agora estava na hora de por fim tudo aquilo que a faria emocionar e a fazer-fazer me animar a continuar escrevendo! Sim, saudades tenho, de Marilene.