sábado, 31 de dezembro de 2011

Apocálico

Se o mundo acabasse amanhã, eu queria que você soubesse que eu ainda te amo. 
Que eu ainda sonhei com você. 
E que eu ainda acredito que você é o mesmo. 
Como se eu tivesse congelado o mundo. 
Todos ainda esperamos por você. 
Que você acorde. 
Morreremos congelados.
 Mesmo se o mundo acabar.
Amanhã.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Di Mi Ser

       Aqui eu posso ser tudo; Essa é a diferença. Entre um eu de verdade, e um eu por escrito. Esses limites da folha são infinitos quando brancas. Cada poro dessa superfície me permite dizer o que quero: verdades, mentiras, dúvidas. O que eu não sei, eu deixei de ver. E agora nada mais é preciso; A realidade está explícita e sem potencial de mudança. Você será sempre você; Até que eu o coloque em prosa.

domingo, 2 de outubro de 2011

Pré-inexistência


     Não querer dizer nada, não querer estar entre linhas, não dizer quem é, não dizer de quem vem, aonde vai, definições, descrições, nem a sombra poder projetar. Ficar assim, sem pessoa, sem cheiro, transparente, e inerte. Viver só nos pensamentos, e interpretar. No entanto, não fingir nada. Apenas planejar. Prática teorizada. Teoria praticada. Nada pode dizer que está errado, nada pode definir como certo também. Isso aqui não foi escrito com as mãos, nem com dedos. Está aqui só porque encontrou. Quem encontrou? Quem está ai? O que pensa? Porque pensa? – Não importar, se importar, e não importar de novo. - Não querer ser melhor, nem pior que nada. Só apenas não querer ser eleito e enquadrado. A verdade é que não da para corrigir, pois não dá para ler. Nem em pensamento está. O que se sabe é que existe, e que existe para isso, uma única prova viva para comprovar. Da qual ninguém desconfia onde está, e nem é preciso que desconfiem. Pois a única pessoa que precisa assim fazer, e da única o qual saberá usar, é você. Você pode não entender, mas sabe do que eu estou falando.

sábado, 17 de setembro de 2011

Imaginarium


     Ao todo somos quatro: eu, eu, você e você. - Aquele que você quer conhecer, aquele que você não irá conhecer, aquele que eu quero conhecer, e aquele que eu não vou conhecer. – No físico cada um comporta dois, mas você não sabe disso, ainda. Eu posso te explicar se quiser, mas não creio que será interessante. Pois de onde eu venho a dualidade deve ser desconsiderada ou multiplicada, o que faz com que as coisas fiquem complicadas.
     A verdade mesmo é que eu não quero conhecê-lo, este par de almas onde revezam seus dois “eus” já me permitem saber quem és. Existe um que conversa comigo, outro que manipula o que o antecessor está a dizer. E claro, como sou da mesma espécie que a sua, também faço isso. Todavia o importante é que eu não me importo, no final de todo esse tempo em que temos um para o outro, vou saber exatamente quem é e quanto atua no momento.
     Expectativa é ficar no aguardo de alguém que apenas tenha um dentro dele, e que possa não me ver em dois. Já até consigo imaginar quem é. Não é você, claro. Mas pode se tornar. Um em que a falta dos pares de almas em que chamam de olhos não funcione mais. Desafiador? Talvez. Mas para me enxergar, de verdade, não podes me ver. Apenas, no entanto, me sentir.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Paralelo

     Vivo em um mundo completamente contemplado por mim. Dês de suas estruturas, aos mais altos picos. Onde toda a biosfera da loucura é o que dá um palco para esse universo. Um lugar onde criei sem querer um lar para depois de tudo que aconteceu conosco. Do jeito em que você despiu minha alma e me rejeitou, à minha falta de aceitação quanto a isso. Você foi extremamente rude comigo. Açoitou-me cada membro de minha ilusão; como assim fosse mais fácil, meu fardo couber no seu passado. A verdade é que agora eu não me importo. Com toda essa loucura, me tornei tão forte em controlá-la que não preciso de você para ser completo. Não me importa quantos venham, materializarei todos os corpos só em você. Eu não tenho tempo a perder, nem vida a viver. Estarei com os outros pensando em você; e os outros estarão comigo pensando que estou presente. Porque às vezes a vida é assim. Eu não posso te ter, e eu não me importo. Vivo em um mundo paralelo. Onde meu amor é dois. Pois um amor às vezes é tão forte que pode criar outro amor; sintético. E satisfazer-se só com ele.

domingo, 3 de julho de 2011

Inapropriado

     Depois de muitos e muitos anos, ele bateu em minha porta, e disse que precisava entrar. Primeiramente levei um choque, nunca imaginara que tal ser apareceria em minha frente depois de tantos anos. Mas não manifestei meu espanto, ali naquele momento estava guardado tudo o que eu queria tudo que eu havia pedido a Deus.     Eu singelamente olhei para de traz dele, puxei um pouco de ar, para poder raciocinar a cena em que iria ter que digerir. E ela seria densa. Assim ele logo foi direto ao assunto, que lhe trouxera aquele momento. Disse que estava infeliz, e que já estava me acompanhando dês de um tempo. Falou de suas experiências e seus planos frustrados.
     Não me disse seu emprego, nem de disse de sua morada. Apenas falou de sentimentos, como se ali naquele tempo já avante de minha fase adulta eu fosse compreender com intimidade.  Mas enfatizou uma parte que nem me julgava importante, eu já sabia do que se tratara. Ele nunca fora tão amando na vida, como foi um dia por mim.
     Pediu para que eu o deixasseele entrar, para que pudesse ter tempo e modos de esclarecer. Ele sabia da minha inflexibilidade, era e é um dos acentos mais fortes de minha personalidade. Ele suplicava. Pedia perdão, estava na ponta do Ice Berg ridículo em que ele começaria a atuar. Disse que precisava sentir aquilo que sentira comigo antes, de novo.
     Eu apenas o interrompi sem torcer um nó se quer na garganta. Apenas levantei a palma direita, com a segunda já na maçaneta. O parei olhando para baixo, deslizei os olhos sobre toda aquela imagem. Vi cada detalhe. Todo aquele corpo que era por mim amado. Tudo o que eu planejei antes, e tudo em que ele mesmo o destruiu. Tudo o que eu queria que agora ele quisesse e fora destroçado.
     Puxei mais uma lufada de ar, tudo muito delicado e pensado. Abri meus lábios para assim a boca. E lhe disse: Eu vi um futuro em que tudo se encaixa. Até o meu desinteresse nos arrependimentos tardios. – E fechei a porta sem bater, virando o trinco duas vezes da chave.

A Carta VI

     Está noite eu não vou sonhar. Pois, se não posso ter controle de meus sentimentos, não quero ter que me preocupar com meus sonhos. Eu quero ter o controle de tudo o que passar por mim. Ou ao menos ter um radar, do que me acontece. Prever, e me prevenir. Está noite eu não quero ter que chorar, por aquilo que já morreu. Pois eu nem gostava de você. Eu gostava do seu amor, e você fez questão de matá-lo. Agora só existe eu, você, e o meu amor por você. E este último se tornou tão forte, que nem eu, nem você, não pode derrotá-lo. Ele agora age por si próprio, me manipula, manipula o tempo e o espaço a fim de te encontrar. Ele só quer a sua presença. E ele me tortura por isso. Pois agora peço, e digo: é o fim! – Deus; ou matas-me ou manda-me-ei-lho de volta, enamorado por mim!

Apoteose

     Eu te quero, eu te quero, eu te quero. Não sei como, nem quando, mas ainda quero. O mundo vai acabar você vai brigar com tudo aquilo que pensou ser verdade para você. E no seu esquecimento de que um dia foi meu, eu ainda vou te querer. Você vai olhar com dó para mim, e se lembrar de como era “confortável” a minha presença. Nada mais do que isso. E ai. Irei exaurir-me de tudo que era perfume. Vou absorver todo o enxofre e o carbono do ódio. Encarnar-me por um cigarro, e querer-te morto.     Eu te quero, eu te quero, eu te quero, morto.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Reverso

    
     Se sentir sem tradução é como ouvir algo belo só pelos tons. Eu ando só pelos tons, sem entender o que realmente as pessoas dizem. Eu estarei surdo pelos próximos dias, e espero que não se incomode. Rapunzel no topo da torre, não sabe como foi parar lá; Só sabe que o sol da tarde de inverno é presente. A vista é bela, e o mundo, intocável. Só a brisa quente que vem do mar que salva algo muito unânime de não sentir nada. Torre ou farol? Gaivotas tentam te ensinar o óbvio. Mas ensinar o cego a enxergar é doloroso de mais. Correr avante àquele que está com as pernas calejadas é cruel de mais.
     O inverno era inverso para mim, vieram primeiro todos os sentimentos de estar. Daí logo depois do início, do primeiro dia, viria só as mudanças físicas. Só a temperatura iria cair, pois eu já estava congelado. Era assim, era certo. Se sentir em um estado no qual todos ainda chegariam nele. Fazia de mim um destaque oculto. Conhecedor desse mapa, do inferno. Onde todos ainda vagariam por muito tempo. Eu estava por cruzar o salão e inferir direto no certo. Pois eu estou acostumado a ser assim, saber antes de muita gente o que é realmente importante. E quando todos souberem já eu que não vou saber mais.
     É natural para alguém saber enxergar só no escuro? Andar até o interruptor, acender a luz, e se deparar cego na visão de todos. É. Eu sei qual é o meu erro. Esperar que alguém me enxergasse, para quando isso for feito, eu mesmo perca o meu rumo. E me perca outra vez. Para depois ter que encontrar esse interruptor com a pupila dilatada, ardendo, e apagar outra vez para poder enxergar. E de você me perder, novamente.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Black, white, gray


     Da estátua e da estadia, vieram três. Um que poderia me matar, outro que poderia me salvar, e o último que manteria as coisas do mesmo jeito. Pensar em você me levava ao primeiro, aquele balanço do trem, suave e doce. Cercado de graxa e parafusos, estruturas, diafragma fechado. O suficiente para uma chuva pesada e fria, uma gravidade alterada, e um corpo no chão; leito.
     Mas o pensamento era nulo, com as atividades de um dia pacato o assassino se esconde e o policial o procura. Os objetivos. Às vezes um ser não precisa de sonhos e nem de religião. Ele só precisa de objetivos, e os meus estava há alguns meses avante. Ajudar os outros até lá, aliviaria esse pesadelo.
     Pacato era como que o terceiro que me aguardava. Lindo de tão cômodo, mas não tão persuasivo quanto o primeiro. Nem solidário quanto o segundo. Mas era um lugar seguro. Fazer de todos eles satisfeitos para a chegada do quarto. Pois somos assim, sempre marcamos datas para nos revolucionarmos. Para mudarmos toda a estrutura, para provar por A mais B aos Cs que estamos bem.
     Mas nem sempre é assim, nem sempre aquele X marcado no calendário vai funcionar. Mas lembre-se: só de mudar o jeito de andar se altera o movimento. E quanto ao colorful? Vêm como um flash. Roubando a cena dos três idiotas que persistem em me deprimir!

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Terminações em "igo"



    “O amigo do meu amigo é meu amigo” - O Iludido
     “O inimigo do meu amigo é meu amigo” - O Traidor
     “O amigo do meu inimigo é meu amigo” - O Masoquista
     “O inimigo do meu inimigo é meu amigo” - O Estrategista
     “O amigo do meu amigo é meu inimigo” - O Ciumento
     “O inimigo do meu amigo é meu inimigo” - O Leal
     “O amigo do meu inimigo é meu inimigo” - O Realista
     “O inimigo do meu inimigo é meu inimigo” - O Serial Killer

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Slowly


     Em uma sala especial, o espaço se define na ausência das cores. Na ausência da pressa: nas luzes, nas curvas, e nos sons. Os fótons parecem penetrar em sua pele, parece que eles só não conseguem sair. Bolhas em sentidos cintilantes, enchem os olhos de quem vê. E ele não consegue definir sua identidade, ele está no meio do muro. Aquilo que sabe, é aquilo que vê. Não havia espelhos, nem nenhuma superfície plana para refletir aquilo que estava sendo observado.
      Branco e amarelo, iluminado apenas só por quem pode iluminar. Tudo absorvia, vinha devagar. A temperatura não se definia, era tudo confortável, surdo. A fome saciada, a ânsia ressarcida. E parece ganhar mais cor a cada tempo gasto. Ele achava que estava errado, só por não saber seu nome, não saber o idioma a usar naquele momento. Só por não ter se encontrado ainda.
      Existem lapsos que são tão fortes quanto a amnésia, cujo a diferença, é que não se perde tudo, mas só o que lhe é importante. E não precisava de música, não precisava de nada. Tudo era completamente drenado pelo ambiente. As vezes eu descanso nele, apago. Mas isso você também já sabia.
      O difícil de defini-lo está em sua proporção. Tornando possível caber tanto em uma lágrima ocular, quanto em um mar de suicídio. Um pulo, e pronto, está dentro. Você já sabia destes fatos, antes de me conhecer. Só não havia notado os detalhes, pois é o que acontece com todo mundo, várias vezes. Entrar na barca furada sem perceber o tamanho do impacto que é esse olhar, que nos conecta.
      Nos define, e nos interagem. Você não sabe disto, mas nossos corpos já se conhecem e se cumprimentam muito antes de trocarmos um simples “oi”. Existe essa análise, que é feita depois de várias tentativas. Vários campos de pesquisa, em que testar, e diminuir a velocidade dos acontecimentos nos fazem perceber tais maravilhas!
      Tudo isto está escondido no olhar, de quem em fim consegue, deslumbrar-se com a semente do amor germinando entre duas pessoas. Na letargia perfeita de se perceber o impacto, e o possível estrago que tal magnitude de nascimento pode nos trazer.