Era o marco da porta, e era o meu mindinho. Todo ele, junto aos seus quatros companheiros encaixados à vontade de estar descalço em casa em um domingo. Quando em um movimento mal visto, e em uma visão retorcida de velocidade, vejo-o beijando a beirada do marco da porta entre a esquina de dois quartos. E lá vinha ela seguida de um palavrão abafado pelas reticências. Ela fluía rumo aos meus tendões, viajando a cada bombear de sangue, escalando as escadas do sistema nervoso até chegar ao meu cérebro. É assim a dor.
Sempre devagar para a consciência, sempre rápida para o desespero. Às vezes ela vem e traz um pequeno inchaço, às vezes é do inchado em que ela veio. Um corte aqui, um raspão ali. O importante é vive-la, como se nunca aquilo um dia fosse passar, e cessar. E depois de todo um processo rápido ou curto de aquisição de posse sobre ela, vem ai uma sensação de como ter um cão raivoso no lugar do machucado. Seus contrastes são como os pelos de um animal. Você sabe que ele é uma fera, só não sabe o quanto bela pode ser e o quanto deve temer-la.
A dor de nível é uma dor que existem graus de variação, vai de acordo com a profundidade de um corte por exemplo. Existem dores constantes, feito fórmula da Física; Na qual uma delas é a dor de dente. A dor sob preção varia de acordo com a personalidade do sujeito; Se ele mexe demais no lugar, certamente vai continuar doendo. A dor interna pode ser aquela típica dor de barriga, ou às vezes é um tipo de dor que prova no momento que você realmente possui uma alma; A dor do parto é um forte exemplo! Existem dores que vem como terremoto; A cãibra é mestre em exercer essa função, vem balança tudo e depois logo passa. Mas a dor que mais vem sendo sentida e a mais famosa de todas não é a de porte físico, mas sim sentimental. É a famosa dor do amor. Ela é a única que sua medida pode vir a ser imensurável, e a única que pode levar as pessoas a sentirem outras dores.
O bom é o que vem depois. Alias pra que toda essa filosofia se depois de todo esse sofrimento não podemos desfrutar o prazer do alívio? O alívio é tão famoso quanto à dor. Pois nele nós valorizamos a sinestesia do bem estar. Nele nós conseguimos pela capacidade humana de anacronismo lembrar o quanto aquela dor foi ruim, e assim agradecer aos céus por ter passado. O alívio mais remoto é o contemporâneo, vem com um remedinho que logo faz tudo passar. É desvalorizado pela impaciência dos homens. Não há drama nem cama, para que possa ser depois da dor, desfrutado. Mas existem aqueles alívios que vem depois da fuga de uma diarréia, de uma exprimida a mais no furúnculo, de uma corrente de água gelada na queimadura. Esse alívio natural é delirante! Vem de um ápice de dor, para assim a brisa remota do alívio.
Sou um tipo de aliado do equilíbrio dos dois. É essas coisas que fazem a vida valer à pena. O que rege a degustação de ambos – tanto do alívio quanto da dor – é o tempo. Só ele fere, e só ele cura. – Às vezes mata, mas não vem ao caso. – Só ele pode nos tirar aquilo que um dia vai ser devolvido, mas sem o nosso consentimento. Quando sentimos dor nossas mentes afogam em um desespero de não haver mais esperança, e daí quando vem o alívio sentimo-nos felizes, mas de uma felicidade serena que só é adquirida com essa valorização de bem estar. Sou também apaixonado pelo tempo, apesar dele me levar em troca justa e fria alguns anos de vida e de saúde, ele sempre me devolve aquilo que eu possuía antes. E é isso que traz à minha felicidade de viver! Mesmo quando o caso do amor é critico e cego, de pensar que nunca vou conseguir deixar de amar algo ou alguém, logo penso no futuro reconfortante de um alívio. Que só o meu amigo tempo um dia pode me trazer.
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