domingo, 20 de maio de 2012

Verbo


     Era uma vez como uma vez só pôde ser. De dente tantas vezes já concebido, onde nasce o ser. Um ser dentre desses seres com outras vezes. Vezes que só pode ser como as vezes que aqui veio nascer. Seres, vezes, eras. Histórias criadas, interpretadas e reescritas de dentro de cada ser. O mundo é grande apesar de ser um só. O tempo e único apesar de ser vários. O abraço do ser no tempo que insiste em viver. O pisar do ser no mundo, que insiste em do mundo gastar, tornando o tempo único. E quem se desgasta mais? O mundo, o ser, ou o tempo? Todos se perdem no amor próprio que possuem um pelo o outro. Em uma ciranda infinita que os homens dessa terra me ensinaram ser o viver. Viver é o que eu não quero. Nem de mim querer morrer. Quero ter a imortalidade da vez. Aquela que se repete infinitamente sem se perder. Deixando no mundo, no tempo, a marca dolorida de um único suicídio de oportunidade no ser. Ser uma vez, como uma vez só pode ser.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Poste aqui, deixe seu comentário!