Sentado a luz do sol, sobre a cadeira giratória acolchoada da varanda, com plantas estilo trepadeiras sob a cabeça; e a balançar eu estou. Tudo é muito leve, tudo e muito vago... Todos os pensamentos passam como se fossem água passando no filtro de papel, em uma garrafa que se esquece de por o pó. Nada fica só o filtro molhado, fingindo ter sido usado. Paro de fingir que estou pensando, e penso: “-Hoje é sexta, sábado ou domingo?”
Tive tempo para levantar, ir a um calendário mais próximo para responder tal pergunta, e de fazer várias outras para se perguntar e responder naquela casa imensa. Mas não tive vontade. Estava tudo muito leve, tive medo de voar, e sentindo o ar fugir mais fácil dos pulmões comecei a cantar algo leve também. Na verdade fiz isso para gastar menos ar, já que sabia que se não fosse bossa nova perderia todo o meu fôlego em menos de um verso.
Em fim, sem fim ou com fim. Eu não sabia, não sabia de mais nada. Isso era bom... O estado de estar totalmente em si, de não estar em ninguém, de não estar querendo estar com ninguém. Podendo até cantar, em declaração, para você mesmo. Gostar de você mesmo, é uma coisa rara, e de uma fração de tempo muito curto. Quase igual a felicidade... É... Igual a felicidade.
“-Sexta, sábado ou domingo?”
Torno a me perguntar, e não me conformo em não saber a resposta. Porque o prazer de não saber me faz me sentir perfeitamente isolado do próprio saber. No instinto quase como um animal, que não sabe quando vai fazer sol ou se vai chover. Um ser que não pode olhar para o céu, ou para um lugar aonde os outros possam ver.
Me pergunto agora, no mesmo filtro recém molhado de furtivos pensamentos, se existe alguém a mais no mundo que poderia ter essa mesma sensação. Alguém que se goste, ou que esteja na faze do se gostar. Alguém que esteja na faze do não usar a palavra “amor”, e ainda, deixá-la protegida na cápsula das aspas durante a performance no texto.
Se existisse tal alguém, eu poderia até dessa pessoa gostar. E assim evoluir passo a passo, no dia a dia de quem quer gostar de si. E iríamos gostar tanto de “sis” que estaríamos nos aproximando, em um contra tempo de começar a gostar um do outro até quem sabe, no calor de uma noite mais amena poder até pensar na possibilidade de “am..”. Logo lembro que não posso pensar em tal palavra. Ela quando entra em ação me desgasta, e logo lembro de todo o sentimento ruim que já tive com ela, quando usava com outras pessoas. Logo meu filtro se enxeria. Pois então volto a esquecer tudo aquilo que poderia acontecer, volto a não pensar em nada, e a me perguntar:
“-Hoje é sexta, sábado ou domingo?”
Nossa, gostei muito do texto e da maneira como você escreve... Suas palavras fluem...
ResponderExcluirDar prazer em ler. :-)
nhaa vlw! continue lendo! É a melhor forma de deixar que elas fluem mais, para o blog! vlw msm!
ResponderExcluir