Era uma sala muito branca, com luzes uniformes, quando o sonho foi favorecido pelas seringas. Eu estava descansado, mas mesmo assim tinha que atender a necessidade de dormir.
E nessa sala, eu me encontrava acordando, no centro de uma cama redonda. Ela por sua vez, era toda branca, lençóis brancos, cobertores e travesseiros também. Havia muitos travesseiros. E a única certeza de que aquilo não era o céu; Era que lá não havia nuvens.E tudo em tempo se passava rápido, eu me levantava e olhava para o topo da sala com olhos de veludos. Eu podia ver o preto dos meus olhos sendo refletido em todas as direções. Quando me vi todo vestido de branco, também, como um “vestido-avental”. Eu me levantei, dei três a quatro passos acelerados, como no filme “O Chamado” em que a menina dá. E já estava no centro.
Lá quase esbarrei delicadamente em uma maçã flutuante, tudo lá era delicado. E a maçã por sua vez não escapava disso. Porém, ela era perigosa. Estressante de tão vermelha, eu quase a ouvia conversar comigo. Pedindo para eu morde-la. E eu não queria, eu sabia que era o fruto do centro do “Jardim do Éden”.
E então ela insistia, ela era sua própria serpente. Eu via meus olhos retorcerem nos reflexos negros que eles permitiam. Eu estava cedendo. Comecei acariciando, movendo o tronco do corpo como se estivesse dançando. Ela era anormalmente imensa, como um melão! E ela dizia que “sim”! Ela ainda estava flutuando, quando me aproximei mais, retirei-a de sua própria órbita, e a mordi.
Tudo então escorreu nas paredes da sala como sangue, era como se eu estivesse sangrando aos poros. Eu perguntava para a maçã: “E agora?” E podia ouvir seu silêncio, quando ela me ignorava. Eu sentia uma tremenda dor na mordida, como se minha arcada estivesse soltando. Foi ai então, que eu descobri como Eva se sentia, no final da história.
não há como resistir a um pecado sendo pecador. a maçã talvez fosse o diabo em forma de desejo... pobre eva. ou não! vai saber. [risos]
ResponderExcluiradorei o blog. abraço forte.
Um absurdo de tão boa a parte em que descreves a maçã, me senti lá por um instante. Tens uma agressividade sutil (é possível?) nos teus textos que é incrível.
ResponderExcluirBeijos!