quarta-feira, 7 de abril de 2010

Meio palmo de Aço


     Era em tempo, e ali estava meu alvo. Nada pessoal, e tudo pessoal. Ele me irritava, e estava ali, a todo momento. O fato de eu ter que telo por tempo indeterminado me irritava mais ainda. Nada normal, mas atual: Existem pessoas que nasceram assim, com um jeito diferente de querer resolver as coisas.
     E assim eu nasci. Eu não conseguia ver como resolver um conflito entre pessoas pacificamente. Escorria veneno nos meus olhos. Eu sinto-o descer, queimar minhas veias. Eu o sinto conversar comigo, dizer que aquilo pode ser mais fácil do que eu imaginava. Que aquilo já poderia estar resolvido.
     Enforcamento, afogamento, quebra de pescoço, injeção letal, asficsiamento, quebra de mandíbula; eu tinha planejado tantos jeitos de não fazer espirrar sangue naquele banheiro. E nenhum deles daria certo. Eu precisava ver aquele liquido quente e vermelho escorrendo de qualquer fenda que eu abrisse, qualquer parte.
     Por isso eu o aguardei, deixei sua vontade vir, e ele levantou. Posicionou-se para a porta, e do corredor eu o vi entrar no banheiro. Antes ele havia me fitado, era o ultimo rosto que viria. E eu estava feliz por isso. Fui logo atrás. De um modo clássico estava eu de luvas de couro, blusa de manga comprida. Foi quando sem esperar que ele fechasse a porta eu o surpreendi.
     Bati seu rosto contra a parede que logo via a frente depois da porta do banheiro, fechei a porta. Eu podia ouvi-lo reclamar do nariz sangrando. Ele olhou para mim, eu não era tão forte, mas não o deixei em tempo para reagir. Dei-lhe uns três ou quatro socos quando segurava teu colarinho. O arrastei até fazê-lo sentar na privada, desloquei teu pescoço com a força que fiz. E então empunhei a faca na sua guarganta, de uma forma de revirar terra no jardim.
     Pude sentir o tremer do frio do fio da faca entrando em suas veias e arterias, via o ouro do sangue descer pelo pescoço e os olhos assustado de quem nunca me via fazer aquilo se revelarem para mim. Eu achava graça, ele achava terror naquilo tudo. Meio palmo de aço inoxidável, belamente esculpido agora o impedia de gritar. E isso era o meu dia, o meu lucro.
     Dali, deixei-o ali mesmo. Removi as luvas e as embrulhei em um saco plástico junto com a faca. “Acho que ninguém viu.” – pensei. “Deve demorar algumas horas para desconfiar sua demora.” – E segui para fora do recinto. Era minha primeira vítima. E eu estava muito satisfeito.
     Mesmo que houvesses conseqüências, mesmo que eu fosse levado dali. Preso e acusado de primeira, alguma prova que ali poderia ter deixado. Eu não me importava, eu não me preocupava. Eu só sabia que aquela era a primeira, porque tudo havia dado certo. E que eu logo, no próximo conflito pensaria naquilo de novo. Pensaria em resolver daquele modo de novo. Nada pacificamente, nada pessoal. Era só o jeito em que eu via as coisas se resolvendo, deliberadamente.

Um comentário:

  1. e no decorrer das horas 'pós-delito' ou mesmo 'pós-crime-fatal'... só mesmo as armas do crime é que sentiram o devido prazer do ceifar de uma vida... elas foram mais fundo que a morte... que só veio juntar a alma cansada pela passagem dos mundos... só mesmo as armas sentiram o prazer. e nós os assassinos de um passado ou de um momento seremos apenas culpados... e os sujos pecadores sem coração... que admitem apenas que tudo foi por amor.

    um brinde na grande varanda do apartamento olhando a cidade acessa e silenciosa lá em baixo e depois um forte abraço.

    obrigado pelas lidas e visitas... agora constantes.

    ResponderExcluir

Poste aqui, deixe seu comentário!