Não me sai da cabeça que um dia elas queriam voar. Vem um vento do sul, no finalzinho da tarde, quando o sol, nem no teto de suas copas alcançam mais. Elas sentem, e desdobram as suas folhas asquerosas, para pairar a brisa em baixo de cada uma. Alimentando-as, sentindo a preção da atmosfera e da gravidade mais leve, mais amena. Distraem-se. E se deixando levar por aquela direção.
Nada me tira da cabeça que um dia elas queriam voar. Mas não podem, pois sabem que assim, morreriam.
Quaresmeiras como as demais árvores, são virgens do ar, sempre querendo estar alem de sua própria altura. E quando em uma tempestade, vem o vento arrancá-las do chão. Elas sentem remorso, de tal grosseria em que um tornado as faz voar desse jeito.
O modo como repartem o espaço entre uma e outra, o modo como aceitam sem preconceito as samambaias e as orquídeas as parasitando. Nada me tira da cabeça como elas são generosas, e virtuosas.
Arvores virgens, ventos grosseiros. Todos que são assim se arrependem ao perder aquilo, que as fazem ser o que eram antes. Porém todos no final da história transam. E transam.
Vanguarda surrealista bem presente ein. Abusou das figuras de linguagem! Haha. Só o final que vc fugiu total, asuhsuha, como assssssim ? "Transam e transam " !
ResponderExcluirMas gostei das quaresmeiras "avoadas" ! =D
Asggsa, eu quis sinalizar a questão do machismo. Que é muito presente, mas não só o machismo dentre um homem (o vento) sobre as mulheres (as ávores). Mas também a questão de dominância exacerbada de uma pessoa sobre a vida da outra (tanto no casamento, quanto nos namoros). Que foge até do tema da sexualidade, de um para o ouro. O domínio em si.
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