terça-feira, 3 de novembro de 2009

Ciclo Diário


     Acordo, sabendo exatamente o que vai acontecer, e que eu com você de novo vou sofrer. Levanto, e é a ânsia que me domina. Tomo meu leite com café, pensando como abordar como organizar e organizando todas as frases que está dentro de mim. Recolocá-las em texto, infelizmente não consigo, ainda é muito cedo. Só durante o caminho percebo o ciclo que outra vez vai se tornar o meu dia. Mais um dia, em que eu na trigonometria da minha tola vida, vou voltar no fim para eu mesmo.
     Os pensamentos se aceleram, e quando alcanço o topo do relógio é quando a tristeza de te ver de costas me domina, o dia ainda não terminou. Eu estou no molejo do quente da tarde, e daí começo a relembrar como foi à manhã. Desorganizada, corrida e eufórica. Mal pude por em ato os meus planos, não dei um passo se quer no plano cartesiano que existe entre eu e você. Eu estou vencendo o ciclo, e os ponteiros vem caindo pelas laterais.
     Seus olhos invadem meus pensamentos, nas horas vagas do dia, não é elipse não é círculo. É toda aquela volta que me faz perder em pensamentos quando não posso te ver outra vez. Te ver não me faz tão mau, o mau é não ver você. Os poços fundos de onde lanço meus desejos mais complexos e só recebo o ricochetear das águas da sua superfície. Nem o barulho da penetração dos meus objetos lançados posso ouvir ao se chocar com seu lago.
     Eu agora estou concluindo a caminhada, é o fim de mais um dia. E consigo sentir facilmente o quanto não adiantou nada dar a volta nessa circunferência. O quanto não quero chegar à ponta da volta, o quanto não quero começar outro dia. Me vem a inspiração, aquela que provém de todo esse seu abandono, recordo pela terceira vez o que não consegui de você no dia, e começo a escrever, a compor. Tudo o que eu sinto e tenho, com freqüências variadas que saem dos raios iluminados dos teus olhos.
     Depois de tal desgastes, xícaras de cafés sujas, eu me sinto um pouco melhor. Procurando alguém que entenda, alguém que faça dessa minha dor, uma tangente com meu ciclo. Penso nisso a noite, antes de dormir, quando os pensamentos são toda a vertigem que nos prende a falta de sono. Vejo como seria mais fácil, como será triste para você saber da verdade no futuro e não puder fazer nada. Continuo caminhando, na esperança de que meu andar em círculo varie, e que eu o possa arrastar para um círculo próximo a mim. No tolo desdém adormeço.
     Acordo, sabendo exatamente o que vai acontecer...



    

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