Coitado... Eu ainda podia vê-lo na distância da nossa despedida, fitando-o com os olhos pasmados, como ele aumentava a sua velocidade para chegar em casa. Ele tinha algo realmente importante para fazer, ou senão seria tolice dele de abandonar uma vida para ficar em casa, sozinho. Apesar de Atila nunca achar isso uma verdadeira acusação, no qual eu sempre via isso em teus olhos. Ele mal podia dizer o que era virtual e real. Seus amigos pareciam pixels na tela de onde, sem tê-la o que ver morreria, certamente.
Pensar não o livrava da sua realidade dentro de uma janela, ele podia ser o que fosse, nunca seria o mesmo quando estivesse fora dela. E eu que sempre me remediei em dizer isso, hoje já posso ter menos do que duvidar. Eu tinha dó de Atila, ele sempre seria aquilo o que um fio de cobre o mandava. Eu pude sentir na tua pele a energia eletrostática fluir no seu corpo, ansiosa só para conectar novamente ao seu servidor.
Mas eu percebia isso pois estava sempre por perto, seu corpo não reagia mais meus instintos, e eu era apenas carne perto de Atila. Ele porem também era, mas estava desligado dessa situação em que todos do seu mundo real o tentavam alertar. Porem ele estava longe de mais, ele não era inteligente e não pensava tanto assim como ele dizia. Isso era forte quando ele estava enquadrado e eu o pude sentir.
Percebi que Atila estava em uma ilha, aonde me assustava aproximar. Eu, do meu navio como outra pessoa qualquer, dando só mais um palpite, o via encalhado naquela ilha. Onde teus amigos, que também virtuais, estavam ali brincando. Impetuosamente e paralelamente de ciranda, na areia cromada da ilha. Seus amigos hologramas, mal sabiam como ele era diferente na vida real. Eu realmente tinha dó dele.
Porem eu não podia tocá-lo, por mais que tivessem melhorado fisicamente, seus músculos estavam fartos de sua cadeira de escritório. Eu podia sentir os pulsos de informações codificadas passando pelos teus cabelos. Mal tratados e ignorados como o próprio dono. E acima da tua pele estava uma camada de plástico se formando, uma camada na qual ele resinava. Para quando ele expuser-se para a vida real. Eu já o via proteger-se de teu próprio produto industrialmente criado por ele mesmo.
E eu o via pensar, projetando como seria tal tarde na qual ele se conectava, tolo mundo do próprio tolo. Eu sentia tua carne frágil. Ele mal podia me machucar, era tão mole. E eu o via morrer, assim como o mundo dele ainda se via intacto. Pois eu tinha certeza que estava eu fazendo o certo. E que Atila morreria como um jovem qualquer nessa vida que cada vez mais se ilude com cibernético. Eu via a distância entre Atila e teu querer, eu o via falsamente interpretar um futuro, um futuro que ele não poderia ter. Mas um futuro no qual ele acreditava, e que o fazia destruir seus vínculos reais, e tudo aquilo que poderia realmente existir. Atila morreria sozinho.
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