domingo, 1 de novembro de 2009

A Árvore

     Nem as lágrimas dão o poder dela chorar, ela queria cravar o dente em sua árvore que um dia ela permitiu que a mantivesse no jardim dela. Se arrependimento matasse ela já estaria morta. Nem seu nome ela não lembrava mais, de tão tonta que estava. Ela não conseguia nem trabalhar ao ver a sombra da árvore no jardim a perturbá-la da janela do escritório. Ela nesse momento queria ser outra qualquer, queria morar num apartamento. Só para aquela árvore não a aborrece-se mais.
     Era uma mangueira, alta, forte e quase podia sumir nos galhos. Seu teto era visto apenas por quem tinha asas, seus troncos retorcidos invadiam quem estava próximo e todos sempre gostavam de estar sentado neles. Ela estava cansada, e não tinha força para fazer nada em relação aquilo. O impasse era sentimental, se ela arrancasse a árvore de sua vida, a própria árvore não reclamaria. Se ela a mantivesse, a arvore não faria nada, e tudo ficaria do mesmo jeito!
     Isso a deixava louca! Ela só queria uma reação, algo que pudesse fazer para que a árvore fosse contra ou a favor. Algo que tornasse aquilo mais contraditório. Ela queria era ter uma opinião contra qualquer ato dela. Ela queria ser questionada, enciumada, protestada. Ela queria que a árvore a protege-se de qualquer coisa que acontecesse para ela pessoalmente. Ela queria respostas, ela queria perguntas.
     Vinha os frutos como pedras, não tornavam aquilo interessante. As raízes eram intrometidas, e as folhas um trabalho a mais na faxina. Mas mesmo assim ela não conseguia tomar partido, ela não conseguia nem mais pensar. A árvore era o peso que tinha sobre o chão, tomado sobre ela mesma. E isso à conduzia, uma vida atolada, deixando ela triste. Ela queria outra coisa, mas não se lembrava ou mal sabia. A loucura fez ela esquecer que aquilo no seu jardim era só uma árvore. E que como própria arvore, nada fazia. Apenas seria, árvore.

2 comentários:

  1. Nooossa, 'plutaozinho'. Qual é ô Via Lactea! Essa crônica da árvore se encaixa no infeliz cotidiano, com pessoas que só desejam mudar algo, mas não se movem , pois são aqueles que necessitam de alguma reação até antes mesmo de agir... Me lembra alguém talvez, e quem sabe vc pensou nesse alguém escrevendo ... :] Beijo.

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  2. Obrigada por entrar em meu blog, dando-me o prazer em ler esse texto.
    Por vezes fui árvore, em assuntos bobos, em assuntos de relativa importância, mas jamais fui árvore no amor... mas as raízes de um certo alguém vivem em mim... acho que sempre será assim.
    Muito bom!

    Segui-lo-ei.

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