sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Olhos de Lupus


     Aqueles olhos, eu tinha certeza que me afetariam. Eu simplesmente não havia passado a semana muito bem e tinha certeza que a terminaria sem completar a tristeza, porem, estava errado. Entrei em um vício que nunca me ocorrera antes, e tenho medo de não conseguir me desvincular. Começou essa semana, como um ciclo, um mês de outro mundo começando só para mim. Só eu podia senti-lo, e eu não saberia que você me sentia, até hoje.
       Após o vicio do cigarro, que me livrei facilmente. Não saberia dizer se eu estou reagindo a isso, ou a uma nova substância na qual eu sempre a usei, porem só agora posso definir qual é. Algo que faz você desvincular facilmente de qualquer plano e entrar no de outro ser. Algo que faz você realmente provar e saciar dos sentimentos transpostos pelo outro ser. Algo que é estranhamente chamado de janela da alma, e que varia entre várias qualidades e defeitos, e que possuem de diversas formas e desenhos. Apenas para que um deles tome domínio sobre você.
        Estou na cama, prestes a dormir, como toda cena de real importância que me faça sentir. Posso ver me lendo, algo que seja incrivelmente popular e que não me intimide muito pela própria mídia. Porem sinto-me bem, e confortavelmente em fluxo com a historia, até que o sono aparece como uma instigante alternativa. Sonos que aparecem estranhamente pós a tomada de um café ultramente forte conhecido pelos amigos mais íntimos.
        Desarmo, mas desarmo como se eu não quisesse soltar o livro, como se meus olhos tivessem presos a ultima estrofe lida, e como se Deus ou algo divinamente poderoso me obrigasse por redenção a continuar a ler. Pois assim, como já previsto, me sinto despencar. A ouvir trechos da narração criados por alguém que não era Deus, muito menos eu. Alguém realmente inspirado que queria passar para mim, algo realmente doce e real, algo belo.
        Procuro, remexo-me em meus lençóis como se estivesse procurando um alfinete, uma chave desse dilema de ver quem poderia estar declarando tão firmes e claros sentimentos para mim. A necessidade era uma dádiva que sempre chamou minha atenção, dos condes mais ricos, seus desejos sempre me inspirarão a ajudá-los como se eu fosse um mordomo, ou um escravo.
        Achei! Mas por um instante, um feixe, uma passada de água na piscina negra dos meus sonhos. Consigo adquirir só a visão dos seus olhos, olhos persianos que levou a minha semana a falência. Era você, se não era você, era seu espectro. Que viajara milhas para encontra-se a mim, e assim me encontrara facilmente com a janela da alma aberta. Mais um feixe lançado sobre o lençol que acabara de jogar para o lado. E você estava com eles fechados.
        Os olhos nos quais me fizeram de tolo, em acreditar que aquilo me salvaria. Trouxe-me a tona o que eu realmente temia, meu vício. Olhos, janela da alma, prisão de memórias. Os que me pegam são exatamente bem desenhados, sua pupila é mais escura que a sua íris. Porem ambas são espelhadas, ambas tem o poder de ver-me em delírio, pedra polida, sem lapidação. Sem perder um fragmento de seu todo. Olha para mim querendo me perguntar como estou, e como sempre, recebe a resposta dos meus olhos de um jeito que te intimida.
        Pois eu tenho os olhos perfeitos para essa reação, olhos que sempre quando respondem intimidam o locutor da pergunta com o sentimento mais puro, que minha boca não fala. E essa habilidade minha só funcionam com olhos espelhados, olhos de lupus me perseguiram essa tarde para me fazer uma sentença. A sentença de esperança, pois sabes que não posso tê-lo em meu mundo, e nem eu no seu.
        Mais um feche, e afasto o lençol do meu corpo embrulhado, e você não esta mais perto de mim. Seu pedido de ajuda foi recuado pelo destino, o destino de dois mundos. E você fora esconder novamente em olhos alheios, querendo me machucar, como as unhadas que dou em meu rosto, nos momentos de ânsia. Respiro em três ritmos, me acalmo, chacoalho a cabeça. Tentando tirar de mim as narrações prendidas. Levanto-me, sirvo mais uma xícara de café, para rebater o primeiro. E vou escrever esse texto.

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