“Quero acordar amanhã, para dormir o ontem”, seus pensamentos não fugiam disso. E disso, fugir era impertinência, e o sexo não prendia ele ao que realmente queria exprimir. João era assim, sempre um nome qualquer, mais de uma variação difusa que mantinha seus pensamentos ligados a 220 volts sempre que conversava com alguém. Era quase um criminoso, seus olhos vagos, densos, e quase sem cor; captava o que poderia ser apenas um cisco, um detalhe. E isso o tornava repreendido, porem quase o deixava louco.
Sua perspicácia o tornava súbito de traços, ele precisava de riscar, marcar toda e qualquer superfície que fosse lisa; e de cor diferente ao teu traço. Ninguém nunca o entendeu, sua filosofia de arte, suas análises. Ele era quase uma estalactite, pronta no suor do seu pingo ser aquilo que deseja, ser mais, tornar sempre; e sem querer cair de ponta ao chão. Isso era o que eu podia ver dele, sempre querendo detalhes, querendo se encontrar.
Lutava tanto para isso, que eu como todos os outros que o viam, tinham que massagear seus egos para agüentá-lo, ele sempre queria ver, estar, transformar tudo em reflexo dele mesmo, em seus próprios assuntos. Era insuportável, impertinente, mais era ele. E tínhamos que agüentar. Se eu soubesse de tudo disso, teria evitado, sei lá! Talvez colocado um apelido, alguma coisa que amortecesse.
Um dia pude ver como era o desgosto, planejar planos, para ser implantáveis. Eu o via equipado de seus acessórios, e dentre eles um chamou minha atenção. Era diferente, de pano, e mexia com meus neurônios; como os raios que mexem bruscamente com as árvores. Perguntei para um amigo meu psicólogo o que poderia ser, o que poderia significar. Aquele desejo de imagem, de capturar, de congelar; que movia o desejo de João.
Esse meu amigo me respondeu simples e tranquilamente como se fosse seu primeiro livro de estudo da faculdade. E sua caderneta durante aquela seção pudesse confirmar tudo aquilo que eu e João estávamos passando. O que estava em seu corpo, era um elo, uma aliança de pano que ligava ele a mais alguém, e isso trousse a minha fúria
Como ele pode me trair? Como ele pode me ocultar? Era o meu papel, e estava explícito, não tinha o porque dele não ter se aberto comigo e ter me contado. Ele me frustrou e feriu meus sentimentos. João era oculto como uma sombra, minha lanterna sobre ele só me fez focar naquela imagem que eu mesmo criei. E eu o perdi; perdi tudo aquilo que pude construir com ele. Eu o amava! E planejei dês do início toda a nossa vida, que ele... Ele jogou no lixo! Eu o amava... Eu o... Amava. João... João era meu filho!
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