terça-feira, 6 de outubro de 2009

Companheiro Perfeito

        Não conseguia, ele permanecera dopado por sua própria função, seus membros inferiores nunca moveram. Criava uma proteção radial, como se sua aura pesasse os demais. Ele era divino possui o dom de chamar atenção, era discreto, charmoso e podia levar o seu suspiro milhas e milhas de gritos quando bem reproduzido. Todos o considerava um inimigo, mas isso por que não o entendiam. O sonho alheio era usá-lo para expressar o que o alheio sentia. E isso o tornava útil, porem o tornava enigmático.
        Seus dentes eram fortes, brancos, feitos de marfim. Era o seu meio de se expressar, cada dente era uma voz, cada voz uma vontade. E era o que conseguia fazer, reunia varias vontades humanas, das profanas as mais divinas. Numa turbulência, ou paralelamente; isso só o seu dono podia determinar. Quando o seu dono o possuía, era normalmente mantido em lugares que os demais podiam ver. Como um troféu, mais era triste mantê-lo sem que ele pudesse mover seus lábios.
      Aliás estes lábios, eram enormes, e não possuía gosto. Não era carnívoro nem vegetariano. Ele apenas absorvia alma, você poderia ceder parte dela, ou despejar todo o seu interior dentro dele. E era isso que o tornava predador, sua raça era das mais complexa, perfeccionista. Ele não era domado e isso o tornava caça ou caçador, dependendo do que sua alma tinha para oferecê-lo.
      Os olhares para ele, é sempre o mesmo. Mistura de vontades, opiniões, estilos. Tudo para o tornar mais confortável. Mais como sempre, impossível. Ele possuía características iguais a das luzes, viaja em linha reta, seu interior. Paralelamente para proporcionar seu chocalho perfeito. Era pior do que um camaleão, pois ele podia se apresentar como sua forma original, com patas, rabo e orelhas. Ou disfarçado, entre o sofá e uma escrivaninha, uma pilastra com ou sem castiçal. Era o que tornava seus crimes hediondos. Toda vez que eu sentava em seus aposentos, ou não conseguia dar sentido em uma só conversa com ele. Ou me desesperava, e me arremessava no seu ombro amigo. Ele era um perfeito companheiro, ele era um comparsa perfeito. Ele era mais, ele era o meu desejo. O meu piano.

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