sábado, 3 de outubro de 2009

Algoz da Janela

         Não era para ser invadido. Pois sonhos, como todos que já tiveram, sabem que é inviolável. Pois nem todos obedecem a essas regras, e mal sabem que são obrigados a obedecê-la. Mal sabia que tinha-o em presença, mais em presença eu estava distante. E em meu exílio, sempre fora para me desconectar das regras desse mundo. Eu sempre fui mais adepto as regras dos sonhos do que as desse mundo. E queria ensiná-lo para que você pudesse saber o que se passa nas almas das pessoas quando elas sonham.
         O primeiro ensinamento é o que mais pode ajudar a você interpretar os sonhos de um alvo: a expressão da pessoa. Como eu estava ao dormir? Você poderia, ter visto. Visto meus traços, meus solfejos durante meu longo despejar na cama. Mas como estava tão vidrado: no vidro do meu quarto, no reflexo das quatro horas da tarde. Mal sabia que se tu chegasses pelos raios do Sol, não poderia atravessar minha janela, e nela você ficaria vidrado.
         Vidrado, pois não sabia que durmo de costas para ela, e que minha cabeceira tampa meu rosto de quem vem de fora, fora como você veio. Eu não consigo, e não conseguiria deixar que nem meus visinhos me vissem dormindo, pois sei que em situação como aquela, eu seria preza fácil de suas permutações. Não sabes que conto nomes durante repousos, o espectro que eu sonhava, eu poderia ter dito o nome sem nem saber. E você poderia ter ouvido, por isso durmo de contra a janela.
         Não quero desafiá-lo e nem perguntá-lo o que viria, pois não crio mais interesse sobre muitas coisas hoje. Mas você estava na janela, poderia como em ti mesmo ter filtrado o que sintas, pois sei que sente. E me dizer, pelo menos pelo olhar, que olhos são esses que me persegue. Vivo procurando-os, e filtrando os demais só para achá-los. E isso me intriga, me enfatiza e me ilude, e depois me machuca. As unhas nas quais não uso por vontade minha, são calores estomacais que me invadem ao sentir esses olhos vindos de banda em mim.
         Pois sei que não vem direto. Pois se um dia vier, sei que me mataria. E ai não vou poder mais ter controle de mim, e tenho medo de fazer alguma besteira. Por isso sonho. Sonho pra poder descobrir uma cura para esses olhos que só me aparecem em sonhos e me acórdão com um calor de pelagem própria da raça. E me fazem ter mais esperança ainda, ou as vezes, mais medo ainda. Por isso peço que sonhes, sonhe alto para que talvez tenha essa cura antes de mim e que posse me entregá-la antes do dono desse mal. Pois quero como um amigo que venha pela janela só no caso da urgência de meus pesadelos me consumirem, quero que você não se vidre na janela e nem fique vidrado com o que tenha que aparecer de mim quando eu sonhar. Não quero que você fique de fora como um estranho, não quero que você entre como um conhecido qualquer. Só quero que você me entenda e deixe essa posição de refração no vidro. Quero que você deixe, esse ofício, de ser meu algoz da janela.

2 comentários:

  1. OOOOOOOOOOOOOOUN *-*

    que paia vose tassio, me chamou de intrometido HAHAH

    tambem não pergunto mais nada >:

    vou deixar vose sonhar em paz, sem procurar encotrar lógica no seu sonho.
    eu ja to feliz que eu tenho uma crônica dedicada à mim *-* isso já faz de mim mais que o vizinho bisbilhoteiro, pelo menos eu significo qualquer coisa pra vc. já é um começo HAHAHA.

    mas então, que bom que eu servi de inspiração *o*
    levei altos coices ao longo da crônica, mas achei bonitinho no fim você querendo me passar alguma mensagem através da sua experiência de vida, me dando uns toques.. achei digno :*

    ah, e isso tássio, brigadão.
    a gente nao se fala muito mas a cada dia eu sinto que posso me abrir mais com você, e talvez você nao me considere uma amizade, mas eu considero você como um amigo. beijos tchau rere

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  2. Saia da janela e vá para a porta! :)

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