Nos pigmentos, nas escadas, nas esquinas, nas dobraduras. Era possível? Como dormir após um dia comum, e acordar em outro renascido? O sol era assim, sempre que dormia cansado. E renascia como se fosse outro, mas apesar da cor, era o mesmo. Seu calor variava, e isso o dava a impressão de ser diferente. Mas não era, era o mesmo. A mesma estrela que contorna nosso planeta. Todos os dias, mesmo quando há nuvens. Bem quê sabia que ele está lá.
Sua orbita é a segurança que faz acreditar que será visto no dia seguinte. E isso torna as noites agonizantes, e os dias esperançosos. Sua presença, vida. Uma nova cadeia de ações, de tarefas, de vontades. A vontade de amar, pelo puro e total forma do verbo. Sem mistérios, sem duvidas. Tosco ou singelo, árduo ou deslizante. Só de ter a presença de algo tão grande já faz tudo ser diferentemente o mesmo, porem nunca igual.
Isso era fato, como poder afastar algo tão celestial. Como se isso fosse possível – sem ao menos interferisse em todos os demais planetas – como se fosse preciso. E era especular, falar mentira, que tamanha bola de fogo fosse apagar. Isso seria como o gelo dos pólos de minha casa derretesse até amanha, dizer que o amor poderia acabar, que a aurora boreal não fosse mais sentida.
Tão absurdo que era como trocá-lo dizendo que não era certo, que não funcionaria. Dizer que não serve para centralizar os sonhos de todos que o orbitam. Como uma dança que deixa rastros entre as vestimentas dos convidados sobre o anfitrião parado. Dizer que eu não posso defini-lo, dizer que não tem forma. Só por ser flamejante, só por inconseqüentemente transformar-nos em cegos. Seu charme é radiante, e se esconde dentre os raios que me ofuscam.
E não é de se pensar, nem de sentir. Apenas de acreditar, como se pudesse observar detalhes a olhos cerrados. Torna um hábito, uma ferramenta, uma necessidade. Nos dias em que podemos só ver chuva, as nuvens tornam-se entorpecentes. E cansamos de absorver-las em um vicio mórbido só para ver tua luz.
Como não dizer que se precisa de chorar quando esta triste. Como dizer que você erguido torna-se mais do que um detalhe. Como nulamente dizer que posso ir embora sem você, por um caminho, por uma estrada. Como dizer que eu não te amo, seria sinônimo da pior mentira, seria o antônimo do meu destino, não seria efeito. Não seria eu.
"Era possível? Como dormir após um dia comum, e acordar em outro renascido? O sol era assim, sempre que dormia cansado. E renascia como se fosse outro, mas apesar da cor, era o mesmo." Nao há jeito melhor de exprimir o que eu senti do que colocando o trecho que pra mim resume tudo. Parabénss veei :]
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