quarta-feira, 7 de outubro de 2009

O Pseudo-assassinato do Sr. Goldenberg

      Ele não tinha forças para olhar o que via adiante. Estava sentindo repulsa, desejos de vomitar. Vomitar o que via, assim como seus olhos absorviam, tornando a cena em dois. Sua consciência, estava louca. Em ver toda aquela chacina, aquele palco. Ela não queria ver aquilo, obra barata. Nula de vida, que fez com o corpo, anulasse. E a caneta não conseguia nem definir, nem catalogar a gravidade do verbo. Que lei puniria tal crime? Ele sabia que tal corpo como esse não se importava. Pois era agora, só um objeto, sem cortes sem abstrações, sem danos. Do modo em que a partir do momento em que se tornara corpo, suas características já o tornavam, comum. Como era comum para ele vivo, viver.
      Ele colocara um lenço nas suas narinas, o cheiro daquela cena o fazia lacrimejar. Estava mais do que frio, o corpo estava contorcido como se estivesse dançando, vazando algo que não era sangue. O corpo não possuía mais sangue, só plasma e pus. Não havia nenhuma arma por perto, nem branca, nem projéteis. Só o corpo. Era um crime perfeito. Ele abaixou com seu lenço equipado, enfiou a mão com o lenço no bolso do infeliz e encontrou sua carteira. Ela era de couro de jacaré, não era muito espevitada. Possuía os detalhes a ouro de quilates rigorosos. E possuía o dom de botar medo, só de ouvir, o desabotoar dos seus compartimentos.
      Dentro dela havia um talão de cheques, cartões de créditos, uma caneta mini de cor preta – com a tampa trabalhada, e uma pedra que parecera rara na ponta – e alem de uma quantia chamativa no bolso principal havia a identificação do corpo, sua carteira de identidade. Sua foto não era muito antiga, o identificado possuía nela cabelos ainda brancos. E na filiação, após o seu nome, havia nomes de finais semelhantes – como uma família tradicional. Importantes e carregados de índole.
      Carregava após os respectivos nomes de seu pai e sua mãe, o nome de Ruphert Goldenberg. Para ele parecia um nome criado, mas mesmo assim sentia importância em seu nome, uma certa imponência. Pois o seu próprio nome era só Silva seguido de um desprovido Soares, e ele era apenas um detetive, na verdade um delegado. Mas recebia os honorário como um soldado qualquer municipal. E esse fato o tornava comum, como o próprio corpo que se apresentava morto em sua frente.
      O “Doutor” Silva havia recebido a ligação em forma de ocorrência, naquela madrugada. Era de um dos seguranças do local. Que acusava gritos, discussões, brigas na residência e logo após houve uma pausa. Um longo silencio tomava conta, e após, um carro abandonara a mansão. E os seguranças resolveram comunicar à policia. Logo após o detetive, usado só para neutralizar a situação em caso de ladrões ou assassinos, veio a pericia. Para identificar o passado, os minutos anteriores a aquele acontecimento. E não demorou muito, veio a ambulância, o reforço, a mídia, os advogados acompanhados do testamento quente recém impresso por eles. A pericia fora a próxima a trabalhar, logo matou a charada. Não havia crime, e tudo fora abafado antes que publicassem especulações. Ele sofrera de hipertensão, e morrera de infarto.
      Silva resolveu comunicar a família, após chegar ao IML pela viatura. Ele encontrou um numero de celular em seus pertences. Ele discava, não demorou muito para atendê-lo. Atendeu uma voz cansada, o fundo era silencioso. Parecia já ter fumado na vida, pois seu grave na voz era arranhado pela traquéia carbonizada.
      Ela logo atendia, como pergunta o óbvio de uma ligação: “Alô?” Ele logo respondeu: “Aqui é o delegado Silva Soares, do departamento de investigações criminais. Gostaria de comunicar uma noticia a família do Sr. Goldenberg.” Ela ficara tremula e respondeu rispidamente: “Eu não o matei! Ele já nascera morto, ele só fez aos seus sentimentos!” Logo ele a quis acalmá-la: “Acalmes-se senhora, eu não estou acusando ninguém, ele morrera de infarto. O que a senhora era dele?” Ela procedia de voz baixa: “Eu era sua esposa, e ele não morrera de infarto, isso seria um luxo para ele.” O detetive, curiosamente perguntou: “Então o que a senhora sugere na causa de sua morte?” Ela finalizava: “Para mim, ele morrera de hipotermia cardíaca; seu coração paralisou congelado...”

Um comentário:

  1. It stills too great... I've never fought that his wife would said something like that..
    I thought that someone would killed him when the watchman said that he've heard screams and brutal sounds....

    Amazing final, my neighbor could die like this, he is too close on himself...

    Congratulatios keep posting chronicals like that, my son is reading it all for me...
    PS: I wanted to say that if you are not understanding what I'm writing he will write one thing that resume everything that I'm sayng... here it go!
    "Eu gostei muito e precisa de mais igual a esse parabens!"

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